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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Reflexões Reformadas



Sempre que nossos males nos oprimem e nos torturam, retrocedamos nossa mente para o Filho de Deus que suportou o mesmo fardo. Enquanto ele marchar diante de nós, não temos motivo algum para desespero. Ao mesmo tempo, somos advertidos a não buscar nossa salvação em tempo de angústia, em nenhum outro senão unicamente em Deus. Que melhor guia poderemos encontrar para oração além do exemplo do próprio Cristo? Ele se dirigiu diretamente ao pai. O apóstolo nos mostra o que devemos fazer, quando diz que ele endereçou suas orações. Àquele que era capaz de livrá-lo da morte. Com isso ele quer dizer Cristo orou corretamente, visto que recorreu ao Deus que é o único Libertador. 


João Calvino, Exposição de Hebreus, p. 134.

Eu viverei simplesmente pela fé, não pelos sentimentos - Don Johnson

Porque Deus não realiza milagres hoje para que possamos crêr nEle?


Abraão no Egito



por
Flávio Josefo

Uma grande carestia obriga Abraão a ir ao Egito. O faraó
apaixona-se por Sara. Deus a preserva. Abraão retorna para
Canaã e divide os seus bens com Ló, seu sobrinho.

23. Gênesis 12 e 73. O país de Canaã foi então assolado por grande carestia, e Abraão, tendo sabido nesse mesmo tempo que o Egito desfrutava grande abun­dância, resolveu tanto mais facilmente ir para lá quanto lhe era interessante co­nhecer os sentimentos dos sacerdotes daquele país com relação à Divindade. E, se eles fossem mais bem instruídos do que ele conformar-se-ia à sua crença, mas se, ao contrário, ele fosse o mais instruído, comunicaria a eles a sua fé. Como Sara sua esposa, era muito formosa, e sabendo ele da incontinência dos egípcios, e temendo que o rei se apaixonasse por ela e o mandasse matar, fingiu que ela era sua irmã e ensinou-lhe como proceder para evitar esse perigo.

O que ele havia previsto aconteceu. A fama da beleza de Sara espalhou-se logo. O rei quis vê-la e não somente vê-la, como também possuí-la. Deus, porém, impediu a realiza­ção do seu mau desígnio por meio de uma peste, que lhe avassalou o reino, e pela revolta dos seus súditos. Por isso o príncipe consultou os seus sacerdotes, para saber de que maneira se poderia aplacar a cólera divina. Responderam-lhe que a violência que ele queria fazer à mulher de um estrangeiro era a causa daquilo. Faraó, espantado com a resposta, perguntou quem era essa mulher e quem era esse estrangeiro. Depois de haver sabido de tudo, pediu grandes desculpas a Abraão, disse-lhe que julgara que fosse sua irmã, e não sua mulher, e que em vez de querer fazer-lhe afronta não tivera outro intento senão contrair aliança com ele. Deu-lhe em seguida grande soma de dinheiro e permitiu-lhe conversar com os homens mais instruídos do reino.

Essa conversa tornou conhecida a sua virtude e granjeou-lhe grande renome, pois apesar de os sábios do Egito serem de sentimentos diversos, impondo essa diversidade uma grande divisão entre eles e Abraão, ele tão claramente lhes deu a conhecer que estavam longe da verdade que eles lhe admiraram mais a gran­deza de espírito que o dom de persuadir. Ele ensinou-lhes até mesmo a aritméti­ca e a ciência dos astros, que lhes eram desconhecidas: foi por meio dele que essas ciências passaram dos caldeus aos egípcios e dos egípcios aos gregos.

24. Abraão, ao voltar a Canaã, dividiu o país com Ló, seu sobrinho. Os guar­das de seus rebanhos estavam brigados uns com os outros por causa das pasta­gens. Então ele disse a Ló que escolhesse e tomou para si o que o outro não quis, contentando-se com as terras que estão ao pé das montanhas. Estabeleceu em seguida a sua moradia na cidade de Hebrom, que é sete anos mais velha que Tanis, no Egito. Quanto a Ló, escolheu ele as planícies que estão ao longo do rio Jordão e próximas da cidade de Sodoma, que estava então em franco progresso, mas que agora se acha inteiramente destruída pela justa vingança de Deus — e nada resta dela, nem mesmo o menor vestígio, como diremos em seguida.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Reflexões Reformadas





Em virtude nosso coração incrédulo, o mínimo perigo que ocorre no mundo influi mais em nós do que o poder de Deus. Trememos antes a mais leve tribulação, pois olvidamos ou nutrimos conceitos mui pobres acerca da onipotência divina. 


João Calvino, O livro de Salmos, vol. 2 , p. 658.

Uma Defesa do Calvinismo - C. H. Spurgeon - Sermão Completo


Os Carismáticos e a Soberania de Satanás

Por John MacArthur


Outro dia recebi uma carta interessante. Ela veio de algumas pessoas que saíram de uma igreja carismática (muito grande e proeminente) e vieram para a Grace Community Church. Esse foi um salto gigantesco – deixar aquela igreja e vir para a Grace Church. A única coisa que eles sabiam em sua igreja sobre mim era que eu não tinha o poder do Espírito Santo. Isso era tudo o que sabiam – que eu não cria na continuação dos dons, de forma que não tinha o poder do Espírito Santo. Eles não sabiam muito mais sobre a nossa igreja, mas em uma ocasião vieram visitar a Grace, e nunca mais a deixaram. Havia várias pessoas que estavam nesse grupo que veio, e uma das senhoras me escreveu uma carta muito interessante. Era uma carta incrivelmente bem escrita. E na carta, o apresentado foi isso: Quando você pensa no movimento carismático em geral, você pensa no falar em línguas, nas curas, ou em Benny Hinn derrubando as pessoas, e coisas assim. Mas existem algumas coisas por detrás da cosmovisão carismática que são realmente muito, muito aterrorizantes. E ela colocou isso na carta. Ela disse:

"Você sabe que vivemos toda a nossa vida nesse movimento e uma coisa que domina esse movimento é isso: que Satanás é soberano. Se você adoece, foi o diabo. Se seu filho fica doente, foi o diabo. O diabo fez seu filho adoecer. E mesmo que seu filho morra, Satanás de alguma forma tem a vitória. Se o seu cônjuge, seu marido ou esposa desenvolve um câncer, foi o diabo que fez isso. Se você sofre um acidente, o diabo fez isso. Se perde o seu emprego, foi o diabo também. Se as coisas não saem da forma como você queria na sua empresa ou família, e você termina perdendo o seu emprego ou se divorciando – o diabo fez tudo isso. O diabo precisa ser amarrado e assim, você precisa aprender essas fórmulas, pois você tem que prender o diabo, ou ele realmente irá controlar tudo em sua vida. O diabo domina tudo, e ele é assistido por essa força massiva de demônios que devem ser confrontados também, e você precisa fazer tudo o que pode para tentar vencer esses poderes espirituais, e como eles são invisíveis, rápidos e poderosos, é realmente impossível que você lide com eles de uma vez por todas, de forma que essa é uma luta contínua e incessante com o diabo."

E a senhora na carta disse basicamente isso: "Vivemos toda a nossa vida pensando que tudo o que fazemos de errado no universo inteiro foi basicamente por causa do diabo. O diabo é realmente soberano em tudo e mesmo Deus, juntamente conosco, está na verdade lutando como louco para vencer o diabo". Ela disse:

"Eu vivia com palpitações no coração, ataques de pânico, ansiedade, pesadelos – andando no meio da noite com medo que o diabo poderia estar fazendo algo com meu filho, quando ele ia se deitar. Eu vivia nesse constante terror do que Satanás estava fazendo; quando a pessoa errada era eleita, foi Satanás quem o colocou ali. Quando a sociedade tomava certa direção, era tudo sob o controle de Satanás. Satanás é realmente o soberano de todas as coisas e é muito difícil tirar o controle dele – mesmo Deus está retorcendo Suas mãos, tentando obter o controle dessa situação. Eu vivia com esse medo e terror, pois levava minha igreja muito a sério.” E ela disse: “Cheguei na Grace Community Church e uma coisa me chocou totalmente. Você disse: ‘O fato é: Deus está no controle de todas as coisas! Quando você adoece, ou quando alguém desenvolve um câncer, ou quando algo errado se passa no mundo, ou quando você perde o seu emprego, isso não está fora das tolerâncias de Deus, isso não está fora dos propósitos de Deus. De fato, Deus faz com que todas as coisas cooperem para o bem.’ Isso foi absolutamente abalador. Foi uma mudança total para nós, e a diferença que encontramos foi tão poderosa, que mudou totalmente a forma como pensamos sobre a vida."

É isso! Nós não cremos que Satanás seja responsável pela história; cremos que Deus está no controle. Isso muda tudo. Isso dissipa todo pânico. Posso honestamente dizer que nunca tive um ataque de pânico. Nunca acordei de noite com medo do que o diabo poderia estar fazendo, pois Deus não somente venceu Satanás, mas colocou Satanás debaixo dos nossos pés, e “maior é o que está em vós do que o que está no mundo” (1 João 4:4). Assim, sabemos que Deus controla a história. E isso pode surpreender você, mas o diabo é servo de Deus. Se você quer ler um livro excelente, leia o livro de Erwin Lutzer¹ sobre Satanás, no qual ele apresenta isso de forma muito competente.

Vá, pregue e morra! - Paul Washer


domingo, 29 de janeiro de 2012

As Implicações do Livre-Arbítrio



por
C. H. Spurgeon

De acordo com o esquema do livre-arbítrio, o Senhor tem boas intenções, mas
precisa aguardar como um servo, a iniciativa de sua criatura, para saber qual é a
intenção dela. Deus quer o bem e o faria, mas não pode, por causa de um
homem indisposto, o qual não deseja que sejam realizadas as boas coisas de
Deus. O que os senhores fazem, senão destronar o Eterno e colocar em seu lugar
a criatura caída, o homem ?

Pois, de acordo com essa teoria, o homem aprova, e o que ele aprova torna-se o
seu destino. Tem de existir um destino em algum lugar; ou é Deus ou é o homem
quem decide. Se for Deus Quem decide, então Jeová se assenta soberano em seu
trono de glória, e todas as hostes Lhe obedecem, e o mundo está seguro. Em caso
contrário, os senhores colocam o homem em posição de dizer: "Eu quero" ou "Eu
não quero. Se eu quiser, entro no céu; se quiser, desprezarei a graça de Deus. Se
quiser, conquistarei o Espírito Santo, pois sou mais forte do que Deus e mais
forte que a onipotência. Se eu decidir, tornarei ineficaz o sangue de Cristo, pois
sou mais poderoso que o sangue, o sangue do próprio Filho de Deus. Embora Deus
estipule Seu propósito, me rirei desse propósito; será o meu propósito que fará o
dEle realizar-se ou não".

Senhores, se isto não é ateísmo, é idolatria; é colocar o homem onde Deus
deveria estar. Eu me retraio, com solene temor e horror, dessa doutrina que faz
a maior das obras de Deus - a salvação do homem - depender da vontade da
criatura, para que se realize ou não. Posso e hei de me gloriar neste texto da
Palavra, em seu mais amplo sentido: “Assim, pois, não de pende de quem quer
ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia” (Romanos 9:16).

Fonte: Revista Fé para Hoje.

TCU sentencia Sônia Hernandes a devolver dinheiro e pagar multa ao Erário




A bispa Sônia Hernandes, líder da Igreja Renascer em Cristo, foi condenada a devolver R$ 785 mil aos cofres públicos. Em 2004, esse dinheiro foi repassado à Fundação Renascer, presidida pela bispa. Deveria ter sido aplicado na alfabetização de 8 mil pessoas. Não há provas de que tenha sido gasto para esse fim. Pior: os recursos foram sacados na boca do caixa e não podem ser rastreados. As irregularidades levaram o Tribunal de Contas da União a multar Sônia Hernandes em mais R$ 100 mil. Não chega a ser surpresa num currículo que inclui prisão nos Estados Unidos e acusações por lavagem de dinheiro, estelionato e falsidade ideológica no Brasil. Os advogados da pastora dizem que ela ainda não foi informada da sentença.

Felipe Patury

sábado, 28 de janeiro de 2012

Reflexões Reformadas




"Ele é o Deus racional que nos fez seres racionais e nos deu uma revelação racional. Negar nossa racionalidade é, portanto, negar nossa humanidade, vindo a ser menos que seres humanos."

(John Stott - Cristianismo Equilibrado)

Anglicanismo: Protestante ou Católico?



O Anglicanismo é a forma mais debatida de Cristianismo. Não apenas é julgado em uma variedade de maneiras por estranhos ou espectadores, mas também pelos próprios anglicanos. Até mesmo para alguém que tenha passado grande parte de sua vida no mundo anglicano, não é fácil desembaraçar o nó e entender mal sobre o Anglicanismo.
O primeiro ponto de discussão é se o Anglicanismo deveria ser considerado como parte do Protestantismo. De suas muitas expressões, particularmente chamam a atenção os denominados anglo-católicos, que mostram uma notável semelhança com o Romanismo. Hoje podem-se encontrar igrejas anglicanas nas quais o interior não difere em nada de uma igreja romana. Essas igrejas anglicanas consideram novamente que a Ceia do Senhor, chamada Missa, é a repetição do sacrifício de Cristo; os ministros usam vestimentas romanistas, há quase todas as devoções romanistas, como a bênção do Santíssimo Sacramento, a recitação do rosário, e a reverência a Maria e aos santos foi introduzida.
Porém, sem dúvidas, a maioria dos Anglicanos acha isso tão estranho quanto o acha um protestante holandês. Em todo caso, qualquer julgamento estaria errado sobre o anglo-catolicismo do ponto de vista da Igreja Católica Romana, pois a conduta oficial de igrejas anglicanas não deveria ser medida através de critérios anglo-católicos: isso vai, a priori, demonstrar que uma confusão entre as atividades destas igrejas é impossível. Ao contrário dos anglo-católicos há muitos outros anglicanos, cuja visão da natureza da religião Cristã, da Igreja, dos Sacramentos e do Evangelho, é tipicamente protestante. Como resultado de sua formação insular, os anglicanos sabem muito escassamente o quanto sua herança protestante compartilha com sua fé, pensamentos e ações.

Pode ser verdade que os anglicanos frequentemente não gostam de ser chamados de protestantes e que Anglicanismo, como se apresenta hoje, não deveria ser considerado simplesmente como Protestante. Do lado católico e do lado protestante há uma opinião bastante recente sendo difundida, de que o Anglicanismo seria mais próximo da Igreja Católica Romana do que da Reforma. Essa noção teve a sua origem apenas no século XIX, quando o Movimento de Oxford foi um “reavivamento” católico. Deixou rastros permanentes no quadro geral do Anglicanismo de hoje, mas, na forma como assumiu o anglo-catolicismo, permaneceu um elemento estranho e isolado no mundo das Igrejas Anglicanas. (nota do webmaster: o sermão de John Keble, pregado na Igreja de Santa Maria, em Oxford, e intitulado “Apostasia Nacional” foi o iniciador disso. Isso ocorreu em 14 de julho de 1833).
Como resultado da atividade viva e da propaganda, o anglo-catolicismo foi exibido durante um século e muitas pessoas entraram em contato com o Anglicanismo por via do anglo-catolicismo. Por conseguinte, muitas destas pessoas têm a impressão de que o Anglicanismo pertence, em princípio, ao tipo católico de Cristianismo e que só foi influenciado acidentalmente e superficialmente pela Reforma e pelo Protestantismo no século XVI.

Tal visão Neo-anglicana é insustentável. É contrária aos fatos históricos, se levarmos em consideração os fatos, documentos e dados. Esta visão Neo-anglicana está baseada em uma interpretação unilateral, arbitrária dos eventos eclesiásticos e religiosos ocorridos durante o tumultuado e confuso reinado de Henrique VIII. Também desconsidera as características da Reforma visíveis na pregação anglicana e nos escritos do século XVI até hoje. Além disso, está baseada em sérios equívocos sobre a essência profunda da Reforma e seu real conteúdo, sentido e intenção e do ensino e teologia da Igreja Católica Romana.
Por outro lado, em reação ao liberalismo e ilegalidades por parte dos anglo-católicos dentro da Igreja Episcopal (EUA), muitos abandonaram a denominação e jurisdições independentes, que eram anglo-católicas em teologia e prática, porém de natureza conservadora em outros aspectos, foram estabelecidas. Porém, nenhuma destas jurisdições independentes é reconhecida por Canterbury ou quaisquer igrejas nacionais da Comunhão Anglicana.
Finalmente livre das restrições de Direito Canônico e costumes da Igreja, estes anglo-católicos puderam estabelecer paróquias tractarianas e enfileiraram-se junto a extremistas ritualistas ultramontanistas, enquanto formavam o seu próprio clero de tendência romanista, os quais, em sua maioria, não fizeram parte como ministros ordenados da Igreja Episcopal (EUA) ou treinados em seus seminários. Ostensivamente, reivindicaram ter rompido com a igreja-mãe como defesa do LOC de 1928 e a introdução do LOC de 1979, que consideram herético.
Porém, em vez de reter o LOC de 1928, estes grupos anglo-católicos não perderam tempo introduzindo uma novidade própria deles e inconscientemente enganando os leigos. O Missal Anglicano, versão anglo-católica da Missa Romana em inglês, depressa suplantou o uso do Livro de Oração Comum na maioria das paróquias e em muitos lugares seu uso se tornou obrigatório.
Paradoxalmente, esses que reivindicaram dividir a Igreja Episcopal (EUA) por causa da introdução de um novo LOC, tornaram-se promotores de uma liturgia estranha ao uso anglicano ortodoxo. O Missal Anglicano realmente não é um substituto para o LOC, pois contém a liturgia da Missa e ritos ocasionais para a celebração da missa, como a bênção da água benta e orações pelos mortos. Junto com a introdução Missal, o clero anglo-católico convenceu os delegados diocesanos de que o Missal nada mais era que um complemento ao LOC de 1928, rubricas que foram adicionadas para estabelecer a “ortodoxia católica” à liturgia corrompida da Reforma protestante e corrigir os “erros e falhas” do LOC de 1928. Claro que, desde que o anglo-catolicismo insiste em ter a Santa Comunhão (Missa ou Santa Eucaristia como chamam) todos os Domingos, as congregações foram enganadas em aceitar este livro como substituto do LOC, sem problemas. Eles não perceberam que uma pedra preciosa da herança protestante havia sido roubada.
Quando primeiro se introduziu (ilegalmente) para as congregações americanas, o Missal Anglicano estava publicamente condenado por mais de trinta bispos e proibido nas dioceses deles. Bispos da “Alta Igreja” como o Dr. Manning, de Nova Iorque e o Dr. Parsons, da Califórnia, foram muito francos ao declarar o Missal como uma “perversão e deturpação” do Livro de Oração Comum. A Convenção Geral da Igreja Episcopal rejeitou o Missal profundamente, condenando o seu uso como uma ameaça para o Anglicanismo no país.

As origens do Missal Anglicano, em suas versões britânica e americana, não podem ser consideradas. É suficiente dizer que nunca foi aprovado um livro de liturgias da Comunhão Anglicana, se não tem relação com o Livro de Oração Comum. No entanto, por causa da ignorância dos crentes episcopalianos em relação ao seu precioso LOC, muitos clérigos conservadores têm sido enganados aceitando mentiras. No seu desejo em proteger sua herança ortodoxa eles tem involuntariamente sacrificaram uma parte desse patrimônio inestimável.
Sim, o LOC de 1928 ainda pode ser encontrado nos bancos destas igrejas anglo-romanistas: isto é o mais desagradável de tudo, um evidente engano. Para uma pobre senhora foi dito até mesmo que o Missal realmente era o Uso de Sarum, da Catedral de Salisbury, o qual o monsenhor dela considerou como a pura liturgia da Cristandade!
A ideia de muitos Reformadores protestantes, de que o Anglicanismo nunca foi realmente a favor da Reforma e completamente Protestante é, como a visão neo-anglicana, baseada visão unilateral, que só vê do ponto de vista puritano. Mas, como é evidente desde o clássico século XVI, na teologia anglicana , é impossível explicar a luta entre Anglicanismo e Puritanismo sob Elizabeth I como uma nostalgia disfarçada pela Igreja Romana, ou como uma tentativa de chegar a um acordo sem princípio.
Se a Reforma anglicana caminhou diferentemente da luterana ou de outras igrejas reformadas, isto não deve ser atribuído às influências católicas, mas a certas circunstâncias tipicamente inglesas, certos traços regionais do caráter inglês, prático e humanista.
Os bispos que puseram os alicerces do Anglicanismo durante o tempo de Elizabeth I não lutavam por um acordo entre os princípios do Romanismo e do Protestantismo. Em seus escritos não há traços de condolências com o Romanismo. Quando batalharam contra o Puritanismo, eles se preocuparam por proteger a Igreja contra a abolição prematura e míope de alguns elementos e contra a desordem e indisciplina litúrgica. Tanto quanto o governo episcopal da Igreja, a liturgia e os sacramentos estavam em conexão, por isso estava fora de questão que os bispos anglicanos daquele tempo incluíram qualquer coisa de Romanismo. Elizabeth I não teve nenhum outro objetivo que dar ao movimento de Reforma um caráter austero e estilo próprio. Mas a Reforma Anglicana nunca alcançou uma posição estática, onde nada poderia ser mudado ou revogado. Mais do que luteranos e reformados protestantes, o anglicanismo conseguiu concretizar os ideais universais cristãos dos reformadores.

. Também preservou uma certa abertura para a Igreja Católica e às interpretações reformadas da fé. Levou a sério o princípio “ecclesia catholica semper reformanda” – “Igreja católica sempre se reformando”. Por sua natureza, o Anglicanismo tem uma visão ampla. Além disso, tem uma grande reverência para o que surgiu lentamente, que foi experimentado, o que sempre foi aceito – em resumo – pela tradição (não se confundindo com o conceito católico de tradição).
Não se pode negar que com o passar do tempo, a visão da verdadeira reforma e protestantismo para muitos anglicanos ficou nublada. O crescimento de um subjetivismo pietista e um individualismo liberal influenciou negativamente a visão protestante, forças destrutivas que não têm o devido respeito pela antiga tradição cristã e os valores da comunidade.
Em alto grau, o Anglo-catolicismo teve êxito lançando fora os últimos rastros do Anglicanismo relacionado à Reforma. Isto produziu um tipo de esquizofrenia eclesiástica e teológica no Anglicanismo Mundial, enquanto deixa a Comunhão Anglicana profundamente dividida e incapaz de lidar com muitas divisões no Cristianismo do século XX.
O Anglo-catolicismo, uma vez aceito como um remédio contra o racionalismo e o humanismo, provou ser um trabalho inadequado. Historicamente estranho à verdadeira tradição inglesa e ao Clero Britânico e Americano, tornou-se naquilo que veio a combater: um liberalismo, sem regras e radical ao extremo.
O Anglicanismo deve ser chamado de volta para suas bases da Reforma e da teologia histórica: sem essa valorização do seu patrimônio protestante, ele está em perigo de desaparecer.
A última decisão para os crentes anglicanos não falhará entre a indefinição entre protestantismo ou catolicismo, mas em escolher entre o cristianismo do Papa ou o Bíblico.

A Figueira Murcha - C. H. Spurgeon


Reflexões Reformadas





“Portanto, uma vez que, de seguir-se na duração de Deus, nimiamente fraco e frágil vínculo da piedade seja ou praxe da cidade ou o consenso da Antigüidade, resta que o próprio Deus dê do céu testemunho de Si" 


 As Institutas, I. 5.13.

Reflexões Reformadas





“Nós sabemos por experiência que o canto tem grande força e vigor para mover e inflamar os corações dos homens, a fim de invocar e louvar a Deus com um mais veemente e ardente zelo.” 


João Calvino, Prefácio à edição de 1542 do Saltério Genebrino.

Apóstolo Valdomiro afirma que Jesus não é sempiterno e que foi criado por Deus.




Infelizmente as heresias se multiplicam a olhos vistos neste tupiniquim país. Há pouco o Apóstolo Valdomiro  Santiago da Igreja Mundial do Poder de Deus afirmou que Jesus não é Eterno e que foi criado por Deus. Por favor leia abaixo o que disse no site da sua Igreja:

"Muita gente pela tradição da religião, não entende a historia de Jesus. Alguns falam de natal, mas ninguém sabe o dia exato em que Jesus Cristo nasceu. Segundo que Jesus já existia muito antes de tudo. Ele é a imagem do Deus invisível, a encarnação do verbo. Mas ele não é sempiterno, é eterno. O pai que é Deus é sempiterno, aquele que antes dele nunca existiu como ele, nem existirá depois dele, sempre existiu e sempre existirá. A primeira obra dele foi Jesus Cristo, não a partir de Maria, que foi obra do Espirito Santo para ser feito carne, antes ele já existia. “Façamos” é no plural, porque Jesus estava com Ele e a palavra que lemos confirma."

Caro leitor,  a afirmação de que Jesus Cristo foi criado é uma heresia antiga denominada ARIANISMO.

Bom, o Arianismo vem de Arius, ou Ário, um professor do início do século 4 D.C. A pergunta que se fazia era a seguinte:  Era Jesus verdadeiramente Deus em carne ou era Jesus um ser criado? Era Jesus Deus ou apenas como Deus? Ario defendia a ideia de que Jesus foi criado por Deus como o primeiro e mais importante ato da Criação. O Arianismo, então, é a crença de que Jesus era um ser criado com atributos divinos, mas não era divindade em si mesmo.

Ora, a história relata que a Igreja Cristã oficialmente denunciou o Arianismo como uma doutrina falsa. Desde então, o Arianismo nunca mais foi aceito como uma doutrina viável da fé Cristã. No entanto, o Arianismo nunca morreu, mas tem continuado pelos séculos de várias formas diferentes. As Testemunhas de Jeová de hoje defendem uma posição parecida com  a dos arianos em relação à natureza de Cristo e agora para surpresa de alguns a Mundial do Poder de Deus.

Isto, posto, afirmo sem titubeios que da mesma forma que a igreja ao longo da história combateu heresias deste nipe,  precisamos renegar em nossos dias ataques a divindade do nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo.

Pense nisso,

Renato Vargens

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Confie em Deus, e não nos Meios



por Charles Haddon Spurgeon


“Pois tive vergonha de pedir ao rei uma escolta de soldados, e cavaleiros para
nos defenderem do inimigo pelo caminho, porquanto havíamos dito ao rei: A
mão do nosso Deus é sobre todos os que o buscam, para o bem deles; mas o seu
poder e a sua ira estão contra todos os que o deixam” (Ed. 8:22)

Uma escolta em muitos aspectos teria sido desejável para o grupo de viajantes,
mas um santo sentimento de vergonha não permitiria que Esdras procurasse uma.

Ele temia que o rei pagão pensasse que sua declaração de fé em Deus fosse mera
hipocrisia, ou imaginasse que o Deus de Israel não fosse capaz de proteger Seus
próprios adoradores. Ele não poderia deixar sua mente confiar no braço da carne
(ver II Cr. 32:8) numa questão evidentemente do Senhor e, assim, a caravana
inicia sua jornada sem proteção visível, guardada por Aquele que é a espada e o
escudo de Seu povo. Receio que poucos crentes sintam este zelo santo por Deus;
mesmo aqueles que de certa forma andam pela fé, ocasionalmente estragam o
brilho de sua vida ao suplicar o auxílio dos homens. Não existe maior bênção que
não ter qualquer apoio ou suporte, a não ser ficar direto na Rocha Eterna,
sustentado somente pelo Senhor. Buscariam os crentes doações para suas igrejas
se eles se lembrassem que o Senhor é desonrado ao pedirem socorro a César?

Como se o Senhor não pudesse suprir as necessidades de Sua própria causa!

Recorreríamos tão rapidamente à ajuda de amigos e familiares se nos
lembrássemos que o Senhor é glorificado pela nossa confiança absoluta em Seu
braço? Ó minh´alma, espera só em Deus. "Mas", alguém diz, "os meios não podem
serem usados?" É claro que podem; mas nossos erros raramente consistem em sua
negligência: na maior parte das vezes florescem da tolice de crer nos meios em
vez de crer em Deus. Poucos fogem, não confiando tanto na ajuda humana; no
entanto, muitos pecam muito ao dar-lhe demasiada importância. Aprenda,
querido leitor, a glorificar o Senhor por recusar valer-se dos meios, se, ao utilizálos,
vier a desonrar o nome do Senhor.

Fonte: Morning and Evening (Devocional matutina do dia 24 de setembro)

Calvinismo e Oração


Todos os homens assumem uma atitude religiosa quando oram. Mas muitos homens possuem um compartimento onde está esta atitude em sua oração, e ela é desligada de suas vidas com o seu Amém, e quando se levantam de sobre os seus joelhos assumem uma atitude totalmente diferente, se não do coração, mas pelo menos da mente. Eles oram como se dependessem somente da misericórdia de Deus; entretanto, eles pensam – como se fosse possível enquanto viverem – como se Deus, em algumas de suas atividades menores, fosse dependente deles.

O calvinista é o homem que está determinado a preservar o que ele recebeu em oração em todos os seus pensamentos, em todos os seus sentimentos, em tudo o que faz. Isto quer dizer que, ele é o homem que está determinado a fazer que a religião em sua pureza venha a sua plena retidão em seus pensamentos, sentimentos e vida. Este é o fundamento de seu especial modo de pensar, a razão pela qual ele é chamado um calvinista; e de igual modo especial age no mundo, a razão pela qual ele se torna a maior força regeneradora no mundo. 

Outros homens são calvinistas sobre os seus joelhos; o calvinista é o homem que está determinado que o seu intelecto, coração e vontade permanecerão sobre os seus joelhos continuamente, e a pensar, sentir e agir somente a partir deste fundamento. Calvinismo é, antes de tudo, aquela espécie de pensamento no qual vem a sua verdadeira atitude religiosa de dependência interna de Deus e humilde confiança somente em sua misericórdia para a salvação.

Extraído de Nathaniel S. McFetridge, Calvinism in History, pág. 2

A Bíblia e a Bebida Alcoólica



Às vezes parece difícil saber ao certo que postura o cristão deve tomar diante das bebidas alcoólicas. De um lado, acham-se muitos textos que parecem incentivar a abstinência, mas, por outro lado, há trechos em que Jesus transformou a água em vinho, bebeu vinho etc. Qual é o ensino das Escrituras acerca do uso do álcool? Para entendermos esse assunto corretamente, é necessário começar com uma postura adequada. Devemos descartar as idéias preconcebidas e não procurar encaixar as Escrituras à força na posição que preferimos ou já concluímos ser a mais correta. Precisamos tratar da questão com a mente aberta e tentando apenas descobrir o que a Palavra de Deus ensina sobre o assunto.

“O VINHO é zombador, a bebida inebriante é turbulenta, e quem se perde por ele não é sábio.” Será que esse texto bíblico, em Provérbios 20:1, indica que é errado tomar bebidas alcoólicas? Alguns acham que sim, e tentam provar isso chamando a atenção para relatos bíblicos que mostram as más conseqüências do abuso do álcool. — Gênesis 9:20-25.
Além disso, há os resultados desastrosos de se beber demais: acidentes trágicos, ruína financeira, maus-tratos da família, danos ao feto e doenças como cirrose hepática.

O que diz a Bíblia?

A Bíblia realmente alerta sobre as más conseqüências do abuso do álcool. Efésios 5:18 exorta: “Não fiqueis embriagados de vinho, em que há devassidão.” Também,Provérbios 23:20, 21 diz: “Não venhas a ficar entre os beberrões de vinho, entre os que são comilões de carne. Porque o beberrão e o glutão ficarão pobres”, e Isaías 5:11diz: “Ai dos que se levantam de manhã cedo somente à procura de bebida inebriante, que ficam até tarde no crepúsculo vespertino, de modo que o próprio vinho os inflama!”

A Bíblia também menciona as alegrias e os benefícios de beber moderadamente. Por exemplo, Salmo 104:15 diz que um dos presentes de Deus é o “vinho que alegra o coração do homem mortal”. E uma das recompensas pelo bom trabalho, mencionada em Eclesiastes 9:7, é ‘comer o teu alimento com alegria e beber o teu vinho com um bom coração’. 

Conhecendo os benefícios medicinais do vinho, Paulo disse a Timóteo que não ‘bebesse mais água, mas usasse de um pouco de vinho por causa do seu estômago e dos seus freqüentes casos de doença’. (1 Timóteo 5:23) A Bíblia menciona que o álcool pode ajudar uma pessoa a lidar com a angústia. — Provérbios 31:6, 7.

 Paulo exortou os superintendentes cristãos, os servos ministeriais e as mulheres idosas a não serem “dados a muito vinho”, e ele aconselhou Timóteo a tomar apenas “um pouco de vinho”. (1 Timóteo 3:2, 38; Tito 2:2, 3) Todos os cristãos são lembrados de que os “beberrões” não “herdarão o reino de Deus”. — 1 Coríntios 6:9, 10.


É interessante notar que a Bíblia relaciona a bebedeira com a glutonaria, indicando que ambas devem ser evitadas. (Deuteronômio 21:20) Se a intenção fosse proibir totalmente o consumo de bebidas alcoólicas, não indicaria isso que comer, mesmo em pequenas quantidades, também seria errado? No entanto, o que a Bíblia condena é a glutonaria e beber em excesso a ponto de ficar embriagado — não comer e beber com moderação.

O que devemos fazer?

Embora a Bíblia não proíba o consumo de bebidas alcoólicas, isso não significa que somos obrigados a tomá-las. Há várias razões para se abster de álcool. Por exemplo, um ex-alcoólatra sabe que até mesmo uma dose de bebida pode ser perigosa. Uma mulher grávida talvez não tome bebidas alcoólicas para evitar danos ao feto. E sabendo como o álcool afeta o raciocínio e os reflexos, um motorista se refreia de fazer qualquer coisa que coloque em perigo a sua vida ou a de outros.


Um cristão não gostaria de ser pedra de tropeço para alguém cuja consciência condena o consumo de bebidas alcoólicas. (Romanos 14:21) Prudentemente, esse cristão se refrearia de tomar bebidas alcoólicas ao participar no ministério. É digno de nota que sob a Lei de Deus para o Israel antigo, os sacerdotes não podiam ‘beber vinho, nem bebida inebriante’ quando estivessem em serviço oficial. (Levítico 10:9) Também, nos países onde o consumo de álcool é proibido ou restrito, os cristãos obedecem à lei. — Romanos 13:1.


Embora decisões sobre beber ou não, ou sobre quanto beber, sejam pessoais, a Bíblia recomenda a moderação. Ela diz: “Quer comais, quer bebais, quer façais qualquer outra coisa, fazei todas as coisas para a glória de Deus.” — 1 Coríntios 10:31.




quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Cristologia Kenótica: uma distorção teológica


A Cristologia Kenótica é inaceitável, porque o Filho de Deus é imaginado ser outro, menos do que realmente é. Ela implica uma (parcial) anulação de sua divindade ou uma temporária anulação de sua existência divina. Concordamos com Korff que é necessário que Deus realmente venha à nós, mas, que é igualmente necessário que em vir à nós, Ele verdadeiramente se mantenha Deus.

Extraído de J. van Genderen & W.H. Velema, Concise Reformed Dogmatics, pág. 469
Traduzido por Ewerton B. Tokashiki

Persevere em Oração - Paul Washer


ATEÍSMO: UMA CRENÇA SEM ESPERANÇA?



Tradução: Júlio César de Lima Furtado

Pergunta:

Olá, Dr. Craig,

Li seu artigo "Deus existe" e nele você afirmou o seguinte:

"Se Deus não existe, então definitivamente temos que viver sem esperança. Se Deus não existe, então definitivamente não há esperança de solução das deficiências da nossa existência finita ".
Eu simplesmente tenho que discordar disto. Eu penso, como ateu que sou, que alguém pode certamente viver com uma grande esperança.

Quer dizer, se não houver Deus algum, então não há necessidade de prestação de contas no final.

Sem medo algum de um Deus justo e santo, e de ter que prestar conta da própria vida, a pessoa pode viver a vida que quiser, e não ter medo de ser castigado.

Esta é a esperança para o ateu.

Você pode refutar esse tipo de esperança?

Obrigado,

Bill.

Dr William Lane Craig responde:

Bem, Bill, o seu caso é certamente a clássica defesa da esperança ateísta: a esperança de escapar do julgamento de Deus !

Devo admitir que o ateu pode – aliás, deve – esperar que ele não vá cair nas mãos do Deus vivo (Hebreus 10:31) !

Mas isso realmente não nega o que eu disse.

Eu identifiquei os aspectos específicos que fazem do ateísmo uma crença sem esperança:

2. Se Deus não existe, então definitivamente temos que viver sem esperança. Se Deus não existe, então definitivamente não há esperança pra a solução das fraquezas da nossa finita existência.
Por exemplo, não há esperança para a libertação do mal. Apesar de muitas pessoas perguntarem como Deus poderia criar um mundo que envolve tanto mal, sem medo de errar afirmo que a maioria do sofrimento no mundo se deve à própria desumanidade do homem.
O horror de duas guerras mundiais durante o século passado destruiu efetivamente o otimismo ingênuo do século 19 sobre o progresso humano. Se Deus não existe, então estamos trancados sem esperança em um mundo cheio de sofrimento gratuito e sem solução, e não há esperança para a vitória contra o mal.
Ou ainda, se Deus não existe, não há esperança de libertação do envelhecimento, da doença e da morte. Embora possa ser difícil para vocês (estudantes universitários) entenderem isso, a verdade é que a menos vocês morram jovens, um dia você (sim, você mesmo) será um homem velho ou uma mulher velha, lutando uma batalha perdida contra o envelhecimento, lutando contra o inevitável avanço da deterioração de seu corpo, contra a doença, ou talvez até contra a loucura.
E, finalmente, (como também inevitavelmente), você vai morrer ! E, segundo vocês acreditam, não haverá vida após a morte. O ateísmo é então uma crença sem esperança alguma mesmo.
Perceba que eu estou falando sobre as deficiências da nossa existência finita. Eu me identifico com duas em especial: o mal e o envelhecimento, doença e morte. Parece-me que o ateísmo é inútil nestas questões. Em uma famosa passagem, o filósofo ateu Bertrand Russell lamentou:

"Que o homem é o resultado de causas que não possuem nem previsão do fim que estavam alcançando…
Que nenhum fogo, nenhum heroísmo, nenhuma intensidade de pensamento e sentimento, pode preservar a vida de um indivíduo depois de sua morte, e que todos os trabalhos de eras, toda a devoção, toda a inspiração, todo o brilho do gênio humano, estão destinados à extinção na enorme morte do sistema solar, e que todo o templo das realizações humanas deve inevitavelmente ser enterrado sob os escombros de um universo em ruínas – todas estas coisas, se não ainda não estão completamente fora de questão, estão já tão proximamente certas, que nenhuma filosofia que rejeita tais questões pode ter a esperança de continuar existindo. Somente embasado no andaime destas verdades e somente no firme fundamento do desespero incessante, o alicerce de alma pode ser construído doravante de forma segura."1
Sartre, Camus, e muitos outros ateus expressaram eloquentemente o desespero a que o ateísmo conduz. Neste sentido o ateísmo é totalmente desprovido de esperança.

Ironicamente, o cristianismo, ao contrário, não somente fornece a esperança da libertação do mal e do envelhecimento, doença e morte, mas também supre a esperança que o você mesmo tanto aprecia: a libertação das mãos de um Deus justo e santo. Esta foi a grande percepção de Martinho Lutero. A mesma justiça de Deus que operou sua condenação de Lutero como um pecador longe de Cristo, foi a mesmíssima justiça que se tornou fonte de salvação para ele aquele como alguém que pela fé está unido a Cristo. Pois quando você confia em Cristo como seu Salvador e Senhor, Deus credita em sua conta a justiça de Cristo. "Portanto, agora nenhuma condenação há para aqueles que estão em Cristo Jesus" (Romanos 8:1)

Assim, qualquer esperança que o ateu pode ter é tida muitas vezes mais pelos cristãos, pois nos alegramos, não apenas por escapar do juízo, mas em uma salvação positiva. Você poderia dizer que os cristãos, assim por dizer, deixam de ser capazes de agir com impunidade, como o ateu pode. Ok, mas, Bill, eu não gostaria de agir dessa maneira! Quando você vem para Cristo, Deus muda seus desejos de modo que você quer viver uma vida justa e irrepreensível. A Bíblia diz que o fruto de uma vida cheia do Espírito de Deus é amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e auto-controle (Gálatas 5:22) Pense um pouco sobre essa lista de virtudes pessoais. Não é esse realmente o tipo de pessoa que você gostaria de ser?

Um último ponto: você descreveu esperança do ateu. Quão firme é essa esperança? Ela está bem fundada ? A maioria dos ateus que eu já conversei admitiram que o ateísmo não pode ser provado, aliás, muitos insistem nisso. Assim sendo, como você sabe que o ateísmo é verdadeiro? A esperança cristã está solidamente fundamentada, não somente no testemunho do Espírito Santo, mas nos argumentos da teologia natural e as evidências de Jesus e de sua ressurreição. Mas a esperança do ateu é, como por eles admitida, sem base sólida. Então, E se a sua esperança é infundada? E se você estiver errado?

Notas finais

1 Bertrand Russell, A Free Man’s Worship, em The Basic Writings of Bertrand Russel, eds., Robert E. Egner e Lester E. Denonn (Nova York: Simon e Schuster, 1961), p. 67.

Reflexões Reformadas





Aqueles que se retraem de ouvir a Palavra proclamada estão premeditadamente rejeitando o poder de Deus e repelindo de si a mão divina que pode libertá-los. 


João Calvino, As Institutas São Paulo, Casa Presbiteriana, 1985,(Rm 1.16), p. 58.

É Bíblico o Judaísmo Messiânico?






1) O que é o Judaísmo Messiânico?
É um movimento evangélico que visa converter os judeus (isto é, os que possuem uma herança judaica e vivem em comunidades judaicas) para o cristianismo. Esse movimento possui como premissa principal a manutenção de costumes judaicos tradicionais. Em outras palavras, o judeu messiânico torna-se cristão sem que seja exigido dele o abandono de seus valores culturais e de sua comunidade.

2) A Bíblia permite o cristão guardar costumes judaicos?
Permite, mas com restrições categóricas. O cristão pode de livre consciência guardar o sábado, as festas e as comidas (Cl 2:16-17; Rm 14:1-6), mas não pode instar os demais irmãos a imitá-lo (Gl 1:6-9). No entanto, é preciso deixar absolutamente claro que o Senhor Jesus tornou a Lei obsoleta, através de Sua crucificação e ressurreição (He 8). Quando um judeu, mesmo convertido à fé, continua a guardar determinados mandamentos obsoletos da Lei, ele o faz em prejuízo de sua própria liberdade (Gl 5:1). Essa atitude é considerada deficiência na fé, em decorrência de falta de entendimento bíblico, e não uma coisa louvável (Rm 14:1-6).

3) E por que o Judaísmo Messiânico pode ser considerado anti-bíblico?
É porquê o Judaísmo Messiânico inverte a lógica de que guardar mandamentos obsoletos é uma deficiência na fé. Este movimento faz da deficiência uma qualidade; e da qualidade (isto é, a liberdade relativa aos mandamentos) uma coisa não aprazível. E também o Judaísmo Messiânico não têm autorização bíblica para instar os irmãos a guardarem os mandamentos judaicos (como a circuncisão).

Entretanto, existem três fatos particularmente graves no Judaísmo Messiânico:

a) como o movimento implica em instar o judeu a guardar suas tradições culturais com vistas a construir uma nova comunidade judaica que é crente em Cristo, infere-se que existem duas comunidades cristãs doutrinária e culturalmente diferentes (a gentílica e a judia messiânica). Ou seja, o Corpo de Cristo fica particionado (Rm 10:12; 1Co 12:13; Gl 3:28);

b) como parte dos valores culturais que os judeus guardam advém de livros não-inspirados (como o Bar Mitzvah, Hanukkah, etc), infere-se que os messiânicos guardam mandamentos não ordenados por Deus. Em outras palavras, eles estão indo além do que a Bíblia ensina (Dt 4:2; Dt 12:32; Pv 30:6; Gl 1:9; Ap 22:18).

c) o Judaísmo que sobreviveu a destruição do Templo em 70 d.C., é descendente da seita dos fariseus. Os escritos dessa seita foram compiladas sob a influência pagã da Babilônia, durante o Cativeiro imposto por Nabucodonosor. Assim o Talmude e a Cabala, pilares da fé judaica moderna, são livros essencialmente gnósticos. Além do mais, a Cabala é um livro panteísta.

Sabe-se que o gnosticismo foi o maior inimigo da igreja primitiva, fato que motivou o apóstolo João a escrever o Evangelho de João para reafirmar a divindade de Cristo para os hereges que lá se infiltraram. Infere-se, portanto, que o Judaísmo messiânico, guardando os preceitos judaicos nessas condições, é uma porta de entrada para a Gnose na igreja.

4) E por que os judeus messiânicos não se denominam cristãos?
É porquê não gostam da denominação. Ser cristão para eles é trazer à suas memórias os séculos de perseguição e anti-semitismo que a Igreja "cristã" os impôs. E também ser cristão para eles é o mesmo que fazê-los perder sua identidade judaica que lhes é caríssima.

Ocorre que esse padrão de julgamento coletivo é extremamente injusto. Nós batistas fundamentalistas não compactuamos com os crimes da Igreja Católica, da Igreja Ortodoxa, de Lutero, de Calvino e de outras igrejas protestantes como a anglicana. Também sofremos nas mãos desses falsos irmãos e, apesar disso, não nos envergonhamos em sermos chamados de crentes ou cristãos (que, acima de tudo, é o nome do Senhor). Também não adotamos o padrão de julgamento coletivo para, maliciosa ou injustamente, acusar todos os judeus de perseguir os primeiros cristãos ou de entregá-los nas mãos de imperadores romanos cruéis. Sabemos que cada um, judeu ou gentio, prestará contas de si a Deus de forma individual e solitária (Rm 14:12). E por isso não atentamos para generalizações.

5) Justifica-se tanto apego às raízes culturais judaicas?
Absolutamente não. É necessário que se entenda que os judeus ou os gentios que se convertem na presente Era da Graça são apenas cristãos que, conforme seu galardão, governarão com Cristo e para Cristo o remanescente salvo da Grande Tribulação. Esse apego não tem nenhuma importância espiritual (exceto o de ser reprovável, como já discutido), porquê os gentios salvos também governarão e julgarão o mundo com Cristo. Mesmo a Era Milenar, onde o remanescente salvo é governado por Cristo e pelos salvos que foram arrebatados e onde alguns costumes judaicos são guardados como simbolismo, será curtíssima. Porquê todos nós convertidos na presente Era temos como destino final a Nova Jerusalém e o serviço ao Deus Triuno que nos será dado então.

E mais: A Bíblia diz expressamente que um perdido só pode ser um judeu em espírito (Rm 2:28-29). Desde o momento em que Cristo obteve a Sua vitória na cruz, todas as conversões de gentios para o judaísmo mosaico tornaram-se nulas: um gentio que se converte ao judaísmo mosaico continua gentio. E os judeus agora carecem da graça de Deus, como se fossem gentios (Os 1:9).

Há de se notar também que o Judaísmo moderno não é o Judaísmo mosaico. Portanto, se já é nula a conversão para o Judaísmo verdadeiro na Era da Graça, muito mais será nula a conversão de um gentio para o atual Judaísmo gnóstico que sobrevive desde a última Diáspora!

6) O Judaísmo Messiânico prega alguma heresia digna de nota?
Os messiânicos estão divididos em vários ministérios. Todos têm em comum os problemas listados aqui. Mas alguns vão além e negam a Trindade e a Divindade de Cristo.






 

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Reflexões Reformadas





“Felizes, porém, são aqueles, que abraçam o evangelho e firmemente permanecem nele! Porque ele – o evangelho, fora de qualquer dúvida, é a verdade e vida.”


 [João Calvino, Efésios, São Paulo, Parakletos, 1998, (Ef1.13), p. 35-36].

Por que eu abomino o evangelho da prosperidade? - John Piper


O ESPÍRITO SANTO COMO TESTEMUNHO INTRÍNSECO DE VERACIDADE




Tradução: Eliel Vieira

Caro Dr. Craig,

Algumas vezes eu me preocupo com sua afirmação de que, mesmo que todos seus argumentos para a existência de Deus fossem refutados, mesmo assim você continuaria a ter fé, por causa do testemunho interno do Espírito Santo.

Isto significa que se qualquer um ou todos os argumentos abaixo:

1.Seja descoberto que o universo seja eterno;

2.O ajuste fino seja explicado por causas naturais;

3.A Moralidade seja apenas uma ferramenta sócio-evolucionária;

4.Descubra-se que os evangelhos não são confiáveis, ou se encontrem os ossos de Jesus (lembre-se do que Paulo disse, de que se Jesus não ressuscitou, vã é a nossa fé)

… forem provados como falsos, mesmo assim você continuaria a ser um cristão, encarando as evidências contrárias?

O motivo desta pergunta é que esta afirmação parece minar seus esforços apologéticos em alguns momentos. Você se lembra de Christopher Hitchens apontando isto em seu debate ou de John Humphreys perguntando se você continuaria a ter fé se Lewis Wolpert tivesse derrotado seus argumentos?

Por último, e mais importante de tudo, se você está certo em ter fé mesmo que as evidências estejam contra você, então por que debater com mulçumanos? Não poderiam eles simplesmente dizer que a fé deles em Alá está além das “areias movediças da evidência”?

Obrigado,
Peter

Resposta do Dr. William Lane Craig:

Vamos ser cautelosos para formular corretamente a afirmação que você imputa a mim, Peter. O que eu afirmo é que para as pessoas que observam isto, o testemunho do Espírito Santo prevalece às acusações que alguém levanta contra as verdades que Ele testemunha. Alvin Plantinga chama esta ponderosa fundamentação como Testemunho Intrínseco de Veracidade, porque ela derrota todos os conflitos contra ela.

Agora, isto é completamente diferente de especular sobre o que eu faria na circunstância que você descreveu. Eu não tenho idéia do que, dado a fraqueza de minha carne, eu na verdade faria; mas eu sei o que eu deveria fazer. Eu deveria observar o testemunho do Espírito Santo. Mas longe de mim dizer impetuosamente como Pedro, “Mesmo que todos caiam, eu não cairei!” (Mc 14:28). Sendo assim eu não estou fazendo afirmações tão fortes quando você me acusa de fazer.

Por outro lado, eu afirmo algo muito mais forte do que o que você atribui a mim. Por que eu não apenas deveria continuar a ter fé em Deus com base no testemunho do Espírito Santo mesmo que todos os argumentos para a existência de Deus fossem refutados, mas eu deveria continuar a ter fé em Deus mesmo em face de objeções que eu não consiga responder neste tempo. A primeira afirmação não é assim tão radical: eu acho que a maioria dos teólogos, para não mencionar os crentes comuns, diria que os argumentos da teologia natural não são necessários para que se considere a fé em Deus uma crença racional. Na ausência de alguns argumentos que testifiquem a veracidade do ateísmo, eu estou de forma perfeitamente racional ao acreditar em Deus com base no testemunho do Espírito.

O que eu estou afirmando é que mesmo em face de evidências contra Deus que não possamos refutar, nós devemos crer em Deus com base do testemunho do Seu Espírito. A apostasia jamais foi uma obrigação racional a qualquer crente, nem a blasfêmia contra o Espírito Santo. Deus pode ter confiado a esta poderosa autoridade o poder de testificar sobre as verdades do Evangelho que nós nunca seremos obrigados racionalmente a rejeitá-Lo ou desertar-Lo.

Então, para falar um pouco sobre seus cenários específicos:

1.Se descobrissem que o universo é eterno, nós seríamos obrigados a abandonar a inerrância bíblica (assim como o argumento cosmológico kalam), uma vez que a Bíblia ensina que o universo foi criado em um tempo finito passado. Mas obviamente isto não implicaria que Deus não existe ou que Jesus não ressuscitou de dentre os mortos.

2.Se mostrassem que o ajuste fino não passa de leis naturais, então deveríamos abandonar o argumento do design baseado no ajuste fino do universo. Poder-se-ia ainda elaborar um argumento para o designer, como Robin Collins fez, baseado na beleza e na precisão das leis da natureza, se não nos valores das constantes da natureza. Obviamente, de novo, mesmo a falha interna absoluta de qualquer argumento de design não significaria uma prova positiva de que Deus não existe.

3.Se fosse provado que a moralidade seria simplesmente uma ferramenta sócio-evolucionária, então o teísmo seria falso e não teríamos testemunho algum do Espírito Santo, uma vez que Deus não existiria. Uma vez que o teísmo implica que valores morais objetivos existem, se eles não existem, então o teísmo seria, obviamente, falso. A chave aqui é a palavra “simplesmente”. Nós podemos concordar que a maneira pela qual nós viemos a saber dos valores morais e direitos foi através do processo evolutivo, mas concluir a partir disto que eles não são objetivamente reais seria cometer a falácia genética de tentar invalidar uma visão ao mostrar como alguém veio a aceitá-la. Na ausência de uma prova ao ateísmo, o relato sócio-evolutivo de nossa moral não logra êxito algum em negar a validade de sua objetividade.

4.Novamente, se os ossos de Jesus fossem de fato encontrados, então a doutrina de sua ressurreição seria falsa e assim o Cristianismo não seria verdadeiro, nem existiria algo como o testemunho do Espírito Santo. Assim, se os ossos de Jesus fossem encontrados, ninguém deveria ser cristão. Felizmente, existe um testemunho do Espírito Santo, e disto se segue logicamente que os ossos de Jesus não serão encontrados.

Sobre seu ponto de que minha defesa do testemunho do Espírito Santo mina meus esforços apologéticos, bem, eu não tenho escolha a não ser defender a epistemologia religiosa que eu acredito ser verdadeira, não importando as conseqüências. Ironicamente, eu tenho apresentado em meus trabalhos publicados e debates uma teologia natural mais robusta e evidente para a apresentação cristã do que os auto-intitulados evidencialistas. Eu acho isto estranho porque eu também acredito que exista uma autenticação interna do testemunho do Espírito Santo, e este fato é apontado como que minando de alguma forma os argumentos e as evidências que eu apresento. Eu suspeito que as pessoas estejam apenas reagindo emocionalmente às minhas afirmações sobre o testemunho do Espírito Santo, ao invés de se esforçarem para analisar meus argumentos em detalhes, premissa por premissa.

Sobre sua questão final, eu a abordei no livro Reasonable Faith, 3rd Ed., p. 48 a 50 [cuja primeira edição foi publicada no Brasil como “A Veracidade da Fé Cristã”, Edições Vida Nova]. Claro, qualquer um (ou pelo menos qualquer tipo de teísta) pode afirmar ter um testemunho interno de Deus para a verdade de sua religião. Mas a razão de você argumentar com eles é porque eles realmente não têm isto: eles tem alguma experiência emocional ou eles interpretaram incorretamente suas experiências religiosas. Assim você apresenta argumentos e evidências em favor do teísmo cristão e objeções contra a visão de mundo deles na esperança de que a falsa confidência se desmanche ante o peso da argumentação e eles venham então a conhecer a verdade. (É exatamente isto que os ateus devem fazer comigo). Obviamente, ao apresentar tais argumentos, você não está trabalhando contra ou à parte do Espírito Santo. Ele está trabalhando, também, testificando aos corações deles a verdade do Evangelho e usando seus argumentos, quando você os apresenta amorosamente, para levar a pessoa à fé salvadora em Cristo.

A Igreja da Idade Média - Uma igreja Falsa



Introdução
Começamos o estudo analisando a situação da Igreja Católica Apostólica Romana no final da Idade Média.
Esse período, chamado “Baixa Idade Media”, Séculos 14 e 15, foi marcado pelo desanimo intelectual, imoralidade e corrupção da Igreja Romana. Se não fosse por estes dois séculos, hoje a Idade Media não seria lembrada de modo tão negativo. Antes destes séculos, houve muita produção escruta, com o pensamento de Agostinho e Tomas de Aquino; o Cristianismo espalhou-se por todo o mundo e surgiram as Universidades. Mas estes dois séculos que vieram antes da Reforma protestante de Martinho Lutero e João Calvino foram marcados pelo erro. Neste período o povo vivia com medo da Igreja, com fome e explorados economicamente pelos impostos papais. Além disso, o povo não conhecia a Deus, pois não tinha qualquer acesso à sua Palavra. A Bíblia era um livro fechado e os sacerdotes se julgavam donos da revelação de Deus.
Na idade Média o objetivo da Igreja era estabelecer um império de proporções mundiais, tendo a tradição oral e a palavra do papa como únicas autoridades sobre as áreas da vida humana. Um só idioma, deveria ser falado, de forma que a liturgia do culto fosse idêntica em todas as igrejas. O historiador David Schaff diz que, nesta época, exaltava-se o sacerdócio e desprezava-se os direitos dos homens comuns. Enquanto o papa possuía poderes de Imperador, seus sacerdotes e outros clérigos recebiam o status de reis e nobres. Qualquer reação que ameaçasse diminuir a autoridade da Igreja era duramente combatida com excomunhão e censuras[1].
Vejamos quais os principais elementos de total desvio da Palavra de Deus neste período.
1 - A Falsa Autoridade da Igreja
A supremacia papal dizia que o pontífice romano, o papa, era a representação de Deus na terra ou o vigário de Cristo (aquele que assume o lugar de Cristo). Sendo assim, as decisões papais feitas através de decretos ou bulas tinham autoridade maior do que a Escritura.
Salvação naquela época era o mesmo que obediência ao papa. Sendo ele o soberano representante de Deus, não só a Igreja estava sob seu comando, mas também toda a lei civil. O papa Gregório VII defendeu a idéia de que o papa “é o único que deveria ter os pés beijados pelos príncipes”, depor imperadores e absolver ou não os súditos dos impérios de suas obrigações feudais [2]. O chefe da Igreja comandava também a vida comum e a propriedade dos cidadãos de todo o império [3]. A bula papal, anunciada pelo para Bonifácio VII em 1302, chamada de “Unam Sanctam” dizia que, assim “como houve um única arca, guiada por apenas um timoneiro, assim também havia uma única santa, católica e apostólica igreja, presidida por um supremo poder espiritual, o papa, que podia ser julgado apenas por Deus, não pelos homens. Desta forma ele concluiu: “Declararmos, estabelecemos, definimos e pronunciamos que, para a salvação, é necessário que toda criatura humana esteja sujeita ao Pontífice Romana [4]”.
O sistema sacramental era outra grande estratégia da Igreja daquele tempo. Através desse sistema, os sacerdotes recebiam poderes incríveis como, por exemplo, perdoar os pecados do povo e também de conceder ou retirar a vida eterna.
Dessa forma, a Igreja Católica Romana caiu em grande erro. Quando alguém se afasta da Bíblia, pensa que é Deus. Autoridade da Igreja é Jesus Cristo e não há quem possa substituí-lo. Ele, e só ele, é o cabeça da igreja (Ef 1.22; Ef 5.23).
2 - O Falso Poder da Igreja
O papa Inocêncio III organizou a força policial da Igreja. Esta foi a mais terrível estratégia da Igreja. Qualquer divergência contra ela era tratada como se fosse crime, cuja punição não estava reservada apenas neste mundo, com prisões, tortura e morte, mas também no mundo vindouro, onde o insubmisso queimaria no inferno. Esta policia chamava-se Inquisição. O papa poderia também fazer uso do interdito, uma espécie de intervenção da igreja nos reinados do Império, quando o chefe da Igreja assumia o lugar do rei, como aconteceu com o Rei John da Inglaterra em 1213.
Foram muitos os abusos e perseguições nesta época. Seres humanos sem direitos, sem liberdade e sendo terrivelmente explorados e censurados quando á sua liberdade de consciência. A Igreja se afastava da sã doutrina e colocava em seu lugar um falso poder, uma autoridade mágica passa longe dos princípios eternos das Sagradas Escrituras.
Este poder era totalmente falso porque, nas Escrituras, o poder da igreja vem de Cristo e é subordinado à sua autoridade (Mt 28.18). Este poder, de modo algum, pode ser exercido com tirania, mas sim de acordo com a Palavra de Deus e sob a direção do Espírito Santo.
3 – A Falsa Santidade da Igreja
Nas últimas décadas antes da reforma de Martinho Lutero e do Renascimento houve uma aberta demonstração da imoralidade entre os lideres da Igreja. Aqueles que se diziam ocupar o lugar de Deus na terra mergulharam de uma vez por todas na corrupção e na prostituição. Houve quem comparasse os papas desta época aos terríveis imperadores romanos que viveram próximos ao inicio da era cristã e foram reconhecidos pela sensualidade e imoralidade.
Corrompido dessa forma, o poder foi usado para favorecer os oficiais da Igreja e seus parentes. Papas nomeavam sobrinhos e familiares próximos, alguns deles na idade de adolescência, para assumirem bispados e arcebispados por todo o império. Ser líder da Igreja era um grande negocio. Schaff fala um pouco mais sobre a moralidade do clero naquele tempo: “Os cardeais que residiam em Roma não procuravam resguardar as amantes das vistas do público. A paixão do jogo os envolvia na perda e no ganho de somas enormes, em uma só noitada. Os papas assistiam a sujas comédias, representadas no Vaticano. Seus filhos se casavam nas próprias câmaras do Vaticano e os cardeais se misturavam às senhoras que acorriam, como convidadas, às brilhantes diversões que os papas arranjavam” [5].
4 – Uma Igreja Enfraquecida
Todos esses atos de dominação, corrupção e imoralidade acabaram enfraquecendo a igreja. O papa acabou perdendo o respeito e o prestigio das ordens leigas da igreja que estavam submetidas a ele. Em 1309 o centro ou sede da Igreja deixou Roma para se estabelecer em Avignon na França. Durante 68 anos a Cúpula da Igreja foi francesa. Depois, com Gregório XI, a Igreja voltou a Roma. Mas alguns cardeais franceses não se conformaram com a sede do papado em Roma e elegeram um papa para si, que governou a Igreja novamente de Avignon.
Este foi um período da historia que contou com a existência de dois papas. Um em Roma, Clemente VII e outro em Avignon, Urbano VI, na França. Ambos se diziam sucessores do apostolo Pedro. De acordo com o historiador E.E.Cairns, o norte da Itália, grande parte da Germânia (Alemanha), a Escandinávia e a Inglaterra seguiram o papa romano. França, Espanha, Escócia e sul da Itália seguiram o para francês. Esta divisão continuou até o século seguinte [6].
Esse poder dividido contribuiu para o desgaste daquela autoridade pretendida pela Igreja Romana. Com o declínio da autoridade, a Influencia da Igreja no mundo começa a diminuir. Começam a surgir as cidades-estados que se opõem contra a pretensa soberania mundial do papa. As nações começaram a se seara do Santo império Romano e passaram a ser comandadas por um rei, que com seu exercito, protegia seus súditos contra a exploração da Igreja. A Inglaterra e a Boemia foram as primeiras regiões da Europa a se manifestarem contra o domínio papal. Surgiram a partir de então movimentos internos que clamavam por reforma. Dentre esse destacamos os personagens de John Wycliff, na Inglaterra e Jonh Huss na Boêmia.
Esses acontecimentos sucessivos demonstram a presença de Deus na história, abrindo espaço para Reforma de Martinho Lutero, João Calvino e Ulrich Zwinglio. O caminho para renascimento das artes, da ciência e da religião começa a ser trilhado.
Conclusão
Os dois últimos séculos antes da Reforma formaram um verdadeiro período de trevas. Deus, então, preparou homens e mulheres para uma grande transformação de proporções mundiais, cujos efeitos chegam até nós hoje. Tanta imoralidade e perversão acabaram  por propiciar a entrada deste novo movimento. O mundo necessitava de Deus, da sua Palavra e de uma transformação que abrangesse não só a sua vida espiritual, mas também a restauração da dignidade humana. Tudo isso veio com a Reforma do século 16.
Hoje o homem continua necessitando de Deus. É o momento de avaliarmos a missão da Igreja de Cristo e começarmos a produzir frutos que promovam a glória de Deus e resgatem a dignidade humana que está mergulhada no pecado, na corrupção e na violência do mundo atual.
Nota
[1] - D.S.SCHAFF Nossa Crença e a de nossos Pais São Paulo: Imprensa Metodista, 1964. P.48.
[2] – Timothy GEORGE Teologia dos Reformadores São Paulo: Vida Nova, 1994. P.35
[3] – Nossa Crença e a de Nossos Pais, p. 49.
[4] – Teologia dos Reformadores, p. 35.
[5] – Nossa Crença e a de Nossos Pais, pp. 58-59.
[6] – E.E.CAIRNS  O Cristianismo Através dos Séculos São Paulo: Vida Nova, 1992. P.201.
Autor: Dráusio Piratininga Gonçalves
Fonte: Revista Palavra Viva, lição 01, pg 2-4, Editora Cultura Cristã.