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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

ATEÍSMO: UMA CRENÇA SEM ESPERANÇA?



Tradução: Júlio César de Lima Furtado

Pergunta:

Olá, Dr. Craig,

Li seu artigo "Deus existe" e nele você afirmou o seguinte:

"Se Deus não existe, então definitivamente temos que viver sem esperança. Se Deus não existe, então definitivamente não há esperança de solução das deficiências da nossa existência finita ".
Eu simplesmente tenho que discordar disto. Eu penso, como ateu que sou, que alguém pode certamente viver com uma grande esperança.

Quer dizer, se não houver Deus algum, então não há necessidade de prestação de contas no final.

Sem medo algum de um Deus justo e santo, e de ter que prestar conta da própria vida, a pessoa pode viver a vida que quiser, e não ter medo de ser castigado.

Esta é a esperança para o ateu.

Você pode refutar esse tipo de esperança?

Obrigado,

Bill.

Dr William Lane Craig responde:

Bem, Bill, o seu caso é certamente a clássica defesa da esperança ateísta: a esperança de escapar do julgamento de Deus !

Devo admitir que o ateu pode – aliás, deve – esperar que ele não vá cair nas mãos do Deus vivo (Hebreus 10:31) !

Mas isso realmente não nega o que eu disse.

Eu identifiquei os aspectos específicos que fazem do ateísmo uma crença sem esperança:

2. Se Deus não existe, então definitivamente temos que viver sem esperança. Se Deus não existe, então definitivamente não há esperança pra a solução das fraquezas da nossa finita existência.
Por exemplo, não há esperança para a libertação do mal. Apesar de muitas pessoas perguntarem como Deus poderia criar um mundo que envolve tanto mal, sem medo de errar afirmo que a maioria do sofrimento no mundo se deve à própria desumanidade do homem.
O horror de duas guerras mundiais durante o século passado destruiu efetivamente o otimismo ingênuo do século 19 sobre o progresso humano. Se Deus não existe, então estamos trancados sem esperança em um mundo cheio de sofrimento gratuito e sem solução, e não há esperança para a vitória contra o mal.
Ou ainda, se Deus não existe, não há esperança de libertação do envelhecimento, da doença e da morte. Embora possa ser difícil para vocês (estudantes universitários) entenderem isso, a verdade é que a menos vocês morram jovens, um dia você (sim, você mesmo) será um homem velho ou uma mulher velha, lutando uma batalha perdida contra o envelhecimento, lutando contra o inevitável avanço da deterioração de seu corpo, contra a doença, ou talvez até contra a loucura.
E, finalmente, (como também inevitavelmente), você vai morrer ! E, segundo vocês acreditam, não haverá vida após a morte. O ateísmo é então uma crença sem esperança alguma mesmo.
Perceba que eu estou falando sobre as deficiências da nossa existência finita. Eu me identifico com duas em especial: o mal e o envelhecimento, doença e morte. Parece-me que o ateísmo é inútil nestas questões. Em uma famosa passagem, o filósofo ateu Bertrand Russell lamentou:

"Que o homem é o resultado de causas que não possuem nem previsão do fim que estavam alcançando…
Que nenhum fogo, nenhum heroísmo, nenhuma intensidade de pensamento e sentimento, pode preservar a vida de um indivíduo depois de sua morte, e que todos os trabalhos de eras, toda a devoção, toda a inspiração, todo o brilho do gênio humano, estão destinados à extinção na enorme morte do sistema solar, e que todo o templo das realizações humanas deve inevitavelmente ser enterrado sob os escombros de um universo em ruínas – todas estas coisas, se não ainda não estão completamente fora de questão, estão já tão proximamente certas, que nenhuma filosofia que rejeita tais questões pode ter a esperança de continuar existindo. Somente embasado no andaime destas verdades e somente no firme fundamento do desespero incessante, o alicerce de alma pode ser construído doravante de forma segura."1
Sartre, Camus, e muitos outros ateus expressaram eloquentemente o desespero a que o ateísmo conduz. Neste sentido o ateísmo é totalmente desprovido de esperança.

Ironicamente, o cristianismo, ao contrário, não somente fornece a esperança da libertação do mal e do envelhecimento, doença e morte, mas também supre a esperança que o você mesmo tanto aprecia: a libertação das mãos de um Deus justo e santo. Esta foi a grande percepção de Martinho Lutero. A mesma justiça de Deus que operou sua condenação de Lutero como um pecador longe de Cristo, foi a mesmíssima justiça que se tornou fonte de salvação para ele aquele como alguém que pela fé está unido a Cristo. Pois quando você confia em Cristo como seu Salvador e Senhor, Deus credita em sua conta a justiça de Cristo. "Portanto, agora nenhuma condenação há para aqueles que estão em Cristo Jesus" (Romanos 8:1)

Assim, qualquer esperança que o ateu pode ter é tida muitas vezes mais pelos cristãos, pois nos alegramos, não apenas por escapar do juízo, mas em uma salvação positiva. Você poderia dizer que os cristãos, assim por dizer, deixam de ser capazes de agir com impunidade, como o ateu pode. Ok, mas, Bill, eu não gostaria de agir dessa maneira! Quando você vem para Cristo, Deus muda seus desejos de modo que você quer viver uma vida justa e irrepreensível. A Bíblia diz que o fruto de uma vida cheia do Espírito de Deus é amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e auto-controle (Gálatas 5:22) Pense um pouco sobre essa lista de virtudes pessoais. Não é esse realmente o tipo de pessoa que você gostaria de ser?

Um último ponto: você descreveu esperança do ateu. Quão firme é essa esperança? Ela está bem fundada ? A maioria dos ateus que eu já conversei admitiram que o ateísmo não pode ser provado, aliás, muitos insistem nisso. Assim sendo, como você sabe que o ateísmo é verdadeiro? A esperança cristã está solidamente fundamentada, não somente no testemunho do Espírito Santo, mas nos argumentos da teologia natural e as evidências de Jesus e de sua ressurreição. Mas a esperança do ateu é, como por eles admitida, sem base sólida. Então, E se a sua esperança é infundada? E se você estiver errado?

Notas finais

1 Bertrand Russell, A Free Man’s Worship, em The Basic Writings of Bertrand Russel, eds., Robert E. Egner e Lester E. Denonn (Nova York: Simon e Schuster, 1961), p. 67.

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