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domingo, 8 de janeiro de 2012

A Centralidade de Palavra


Na visão reformada, a Bíblia ocupa o centro do culto, pois é através dela que Deus nos fala. Calvino
afirmou: "... a função peculiar do Espírito Santo consiste em gravar a Lei de Deus em nossos corações".

A Igreja é a "escola de Deus" . O Espírito é o "Mestre" (o “Mestre interior”). Para progredir nessa escola, “...devemos antes renunciar nosso próprio entendimento e nossa própria vontade”.
A pregação não deve ser rejeitada (lTs 5:19-21); deve ser entendida como a Palavra de Deus para nós;
recusá-la é o mesmo que rejeitar o Espírito (cf. lTs 4:8). Como há falsos pregadores e falsos mestres, é necessário "provar" o que está sendo proclamado para ver se o seu conteúdo se coaduna com a Palavra de Deus (At 17: 11-12/ I Jo. 4: 1-6). No entanto, os homens querem ouvir mais o reflexo de seus desejos e pensamentos, a homologação de suas práticas. Assim, a palavra, que deveria ser profética, tende com freqüência a se tornar apenas apetecível ao "público-alvo", aos seus valores e devaneios, ou, então, nós, pregadores, somos tentados a usar a "eloqüência" para compartilhar generalidades da semana, sempre, é claro, com uma alusão bíblica aqui ou ali, para justificar a "pregação".

O fato é que uma geração incrédula é sempre crítica para com a palavra profética. Marvin Vincent estava
certo ao declarar: "A demanda gera o suprimento. Os ouvintes convidam e moldam seus pregadores. Se as
pessoas desejam um bezerro para adorar, o ministro que fabrica bezerros logo é encontrado" . É
preciso atenção redobrada para não cair nessa armadilha, uma vez que não é difícil confundir os efeitos de
uma mensagem com o conteúdo do que anunciamos: a pregação deve ser avaliada pelo seu conteúdo, não
pelos resultados. Esse assunto está ligado à vertente relacionada ao crescimento de Igreja. Iain Murray
está correto ao afirmar:

O crescimento espiritual na graça de Cristo vem em primeiro lugar. Onde esse crescimento é
menosprezado em troca da busca de resultados, pode haver sucesso, mas será de pouca duração e, no
final, diminuirá a eficácia genuína da Igreja. A dependência de número de membros ou a preocupação
com números freqüentemente tem se confirmado como uma armadilha para a Igreja.

A confusão entre conteúdo e resultado é fácil de ser feita porque, como acentua John MacArthur Jr.: "O
pregador que traz a mensagem que mais necessitam ouvir é aquele que eles menos gostam de ouvir".
Portanto, a popularidade pode, em muitos casos, ser um atestado da infidelidade do pregador na
transmissão da voz profética. Lembremo-nos: "Toda a tarefa do ministro fiel gira em torno da Palavra de
Deus - guardá-la, estudá-la e proclamá-la". E: "Ninguém pode pregar com poder sobrenatural, se não
pregar a Palavra de Deus".Quanto mais confiarmos no poder de Deus operante através da Palavra,
menos estaremos dispostos a confiar em nossa suposta capacidade. A Palavra que pregamos jamais será
ineficaz no seu propósito.

O pregador não "compartilha" opiniões nem dá "opiniões" sobre o texto bíblico, nem faz paráfrase
irreverente do texto. O objetivo é expressar o que Deus disse sob a iluminação do Espírito. Pregar é
explicar e aplicar a Palavra aos ouvintes. O aval de Deus não é sobre nossas teorias e escolhas, nem sobre
a "graça" de piadas, mas sobre sua Palavra. Portanto, o pregador prega o texto, de onde provém a verdade
de Deus para o seu povo. "Quando nos propomos a expor um texto, precisamos declarar exatamente o que
o texto afirma".

Quando Cristo retomar, certamente ele não se interessará por nossa escola homilética ou se fomos
"progressistas" ou "conservadores", mas sim se fomos fiéis à Palavra em nossa vida e pregação. Devemos
estar sinceramente atentos ao que o Espírito diz à Igreja através da Palavra. Isto é válido para quem ouve
e para quem prega.

Outra verdade que precisa ser ressaltada é que apesar de muitos de nós não sermos "grandes" pregadores
ou existirem pregadores infiéis, Deus fala. Por isso, há a responsabilidade de ambos os lados: quem prega,
pregue a Palavra; quem ouve, ouça com discernimento a Palavra do Espírito de Deus.
A pregação foi o meio deliberadamente escolhido por Deus para transformar pessoas e edificar seu povo,
preservando a sã doutrina através da Igreja, que é o baluarte da verdade.

Autor. Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa
Fonte: Fundamentos da teologia reformada, pg. 139-142, Editora Mundo Cristão.

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