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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Evangelho de benefícios e baixo custo


por Valmir Nascimento

Segundo os experts da área empresarial vivemos e um era da concorrência. Uma época em que os produtos e o serviços são praticamente idênticos. Num contexto em que a globalização promoveu a similaridade dos preços e da qualidade. O diferencial, então, para o sucesso das empresas é a excelência na prestação de serviços e o benefícios a mais que são oferecidos aos clientes.

No ramo eclesiástico, atualmente, existem tantas religiões espalhadas pelo globo terrestre cuja soma desconheço, cujos deuses ignoro, cujos rituais nem imagino. São tantos ismos: Cristianismo, islamismo, judaísmo, hinduísmo, budismo, xintoísmo, confucionismo, etc (…).

Nesse cenário de concorrência e variedades religiosas, como fazer para atrair mais seguidores? Como arrebanhar mais fiéis? A resposta vem dos especialistas do ramo empresarial: Reduza os custos. Ofereça benefícios.

A técnica adotada pelas empresas para vender seus produtos, atualmente passou a ser utilizada por algumas instituições religiosas para arrebanhar fiéis. É isso mesmo. Aquilo que Pedro predissera (II Pedro 2:3) realmente está ocorrendo: O evangelho – para muitos - transformou-se num negócio.

O educador Lourenço Stelio Rega, em artigo publicado na Revista Eclésia diz que “(…) nestes primeiros anos do terceiro milênio, a fé cristã está entrando pelo mesmo principio básico da lei de consumo – obter as maiores recompensas por meio dos menores custos. E se não for possível conseguir as dádivas, busca-se por discurso compensadores que possam substituí-la”.

Lourenço está completamente correto, afinal é evidente a ocorrência e a proliferação dessas duas características dentro do falso evangelho contemporâneo: Benefícios terrenos e baixo custo aos fiéis.

Não é necessário muito esforço para perceber tal situação. Veja-se, por exemplo, as palavras de determinado “gerente eclesiástico”(ao contrário de Pastor) ao ser entrevistado em uma das maiores revista evangélicas do país. Ele defende uma teologia onde a penúria pode não ser fruto do pecado, mas certamente o é falta de fé. “Nós não fomos criados para a pobreza. É heresia pregar que o crente deve ser feliz ganhando salário mínimo”.

Pregação como essas são ouvidas ao montes. Argumentações que dizem que o crente não pode ser pobre. Precisa ter o carro do ano, uma boa casa e um bom emprego. São benefícios oferecidos a todos aqueles que quiserem ser “cristãos evangélicos”, cuja vida tornar-se-á prospera na medida da sua fé. Vitórias. Bênçãos. Prosperidade. São essas as palavras preferidas.

O baixo custo no âmbito do evangelho é uma chamada adicional para aqueles que não querem compromisso com o Reino de Deus. “Venha como está e fique como está” é o lema. Carregar a cruz, nem pensar. Renunciar alguma coisa, nem por brincadeira. O que importa é o baixo custo. Sem essa de obediência e arrependimento.

Ser cristão, levando em consideração somente os benefícios dessa vida não pode e nem deve ser o nosso principal alvo. Segundo a Bíblia, “se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens”. É exatamente por causa dessa teologia mercantilista e ilusória que Paulo Romeiro denominou de “Geração de Decepcionados” aquele grupo de pessoas que se decepciona com evangelho tão logo vêm que os benefícios imediatos que os haviam prometido não se concretizam em suas vidas.

Esse evangelho de benefícios leva muitas pessoas as uma peregrinação de igreja em igreja, em busca daquela que lhe ofereça mais e mais. Acontece, então, que após tempos e tempos de falsas promessas e benefícios não efetivados, pessoas há que desanimam da fé, da Igreja e até mesmo de Deus; atribuindo a Ele o fracasso de suas vidas por não terem recebido a prosperidade que esperavam e que haviam prometido.

Vidas machucadas, feridas, apostatas da fé que criam escudos protetores. É o medo de serem enganadas novamente, de que tomem mais uma vez seu dinheiro em troca de promessas com as quais Deus nunca se comprometeu.

Cristo não nos chamou para sermos pobres, tampouco ricos. Ele nos chamou para sermos salvos. Para fazermos partes do seu Reino. É óbvio que Deus é o dono do ouro e da prata e pode perfeitamente fazer prosperar cada um dos seus filhos. Que Ele pode nos dar uma Ferrari na garagem e um apartamento de seiscentos metros quadrados. É lógico que sim. Mas tudo isso depende da vontade Dele. O que não podemos é fazer dos benefícios acessórios a causa principal para aceitarmos a Cristo, ou seja, tornarmo-nos cristão de olho nas benção materiais.

Jesus foi bem enfático acerca desse assunto, segundo ele “Mas buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”. Note-se que Cristo disse “todas estas coisas” vos serão acrescentadas. Ele não disse, como se prega por aí, “todas as demais coisas”, muito menos “todas as coisas” vos serão acrescentadas. O Mestre utilizou o pronome demonstrativo “este” referindo-se àquilo que ele acabara citar anteriormente, qual seja: sobre o que comer, beber e vestir. Ou seja, as coisas essências para a vida humana.

Portanto, Deus está mais interessado na nossa relação com Ele, do nossa relação com os bem materiais. Ele tem mais prazer na nossa vida espiritual ou no tamanho da nossa casa. Em outras palavras, o objetivo principal do evangelho é a SALVAÇÃO DE TODO AQUELE QUE CRÊ, o resto é resto.

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