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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A Igreja da Idade Média - Uma igreja Falsa



Introdução
Começamos o estudo analisando a situação da Igreja Católica Apostólica Romana no final da Idade Média.
Esse período, chamado “Baixa Idade Media”, Séculos 14 e 15, foi marcado pelo desanimo intelectual, imoralidade e corrupção da Igreja Romana. Se não fosse por estes dois séculos, hoje a Idade Media não seria lembrada de modo tão negativo. Antes destes séculos, houve muita produção escruta, com o pensamento de Agostinho e Tomas de Aquino; o Cristianismo espalhou-se por todo o mundo e surgiram as Universidades. Mas estes dois séculos que vieram antes da Reforma protestante de Martinho Lutero e João Calvino foram marcados pelo erro. Neste período o povo vivia com medo da Igreja, com fome e explorados economicamente pelos impostos papais. Além disso, o povo não conhecia a Deus, pois não tinha qualquer acesso à sua Palavra. A Bíblia era um livro fechado e os sacerdotes se julgavam donos da revelação de Deus.
Na idade Média o objetivo da Igreja era estabelecer um império de proporções mundiais, tendo a tradição oral e a palavra do papa como únicas autoridades sobre as áreas da vida humana. Um só idioma, deveria ser falado, de forma que a liturgia do culto fosse idêntica em todas as igrejas. O historiador David Schaff diz que, nesta época, exaltava-se o sacerdócio e desprezava-se os direitos dos homens comuns. Enquanto o papa possuía poderes de Imperador, seus sacerdotes e outros clérigos recebiam o status de reis e nobres. Qualquer reação que ameaçasse diminuir a autoridade da Igreja era duramente combatida com excomunhão e censuras[1].
Vejamos quais os principais elementos de total desvio da Palavra de Deus neste período.
1 - A Falsa Autoridade da Igreja
A supremacia papal dizia que o pontífice romano, o papa, era a representação de Deus na terra ou o vigário de Cristo (aquele que assume o lugar de Cristo). Sendo assim, as decisões papais feitas através de decretos ou bulas tinham autoridade maior do que a Escritura.
Salvação naquela época era o mesmo que obediência ao papa. Sendo ele o soberano representante de Deus, não só a Igreja estava sob seu comando, mas também toda a lei civil. O papa Gregório VII defendeu a idéia de que o papa “é o único que deveria ter os pés beijados pelos príncipes”, depor imperadores e absolver ou não os súditos dos impérios de suas obrigações feudais [2]. O chefe da Igreja comandava também a vida comum e a propriedade dos cidadãos de todo o império [3]. A bula papal, anunciada pelo para Bonifácio VII em 1302, chamada de “Unam Sanctam” dizia que, assim “como houve um única arca, guiada por apenas um timoneiro, assim também havia uma única santa, católica e apostólica igreja, presidida por um supremo poder espiritual, o papa, que podia ser julgado apenas por Deus, não pelos homens. Desta forma ele concluiu: “Declararmos, estabelecemos, definimos e pronunciamos que, para a salvação, é necessário que toda criatura humana esteja sujeita ao Pontífice Romana [4]”.
O sistema sacramental era outra grande estratégia da Igreja daquele tempo. Através desse sistema, os sacerdotes recebiam poderes incríveis como, por exemplo, perdoar os pecados do povo e também de conceder ou retirar a vida eterna.
Dessa forma, a Igreja Católica Romana caiu em grande erro. Quando alguém se afasta da Bíblia, pensa que é Deus. Autoridade da Igreja é Jesus Cristo e não há quem possa substituí-lo. Ele, e só ele, é o cabeça da igreja (Ef 1.22; Ef 5.23).
2 - O Falso Poder da Igreja
O papa Inocêncio III organizou a força policial da Igreja. Esta foi a mais terrível estratégia da Igreja. Qualquer divergência contra ela era tratada como se fosse crime, cuja punição não estava reservada apenas neste mundo, com prisões, tortura e morte, mas também no mundo vindouro, onde o insubmisso queimaria no inferno. Esta policia chamava-se Inquisição. O papa poderia também fazer uso do interdito, uma espécie de intervenção da igreja nos reinados do Império, quando o chefe da Igreja assumia o lugar do rei, como aconteceu com o Rei John da Inglaterra em 1213.
Foram muitos os abusos e perseguições nesta época. Seres humanos sem direitos, sem liberdade e sendo terrivelmente explorados e censurados quando á sua liberdade de consciência. A Igreja se afastava da sã doutrina e colocava em seu lugar um falso poder, uma autoridade mágica passa longe dos princípios eternos das Sagradas Escrituras.
Este poder era totalmente falso porque, nas Escrituras, o poder da igreja vem de Cristo e é subordinado à sua autoridade (Mt 28.18). Este poder, de modo algum, pode ser exercido com tirania, mas sim de acordo com a Palavra de Deus e sob a direção do Espírito Santo.
3 – A Falsa Santidade da Igreja
Nas últimas décadas antes da reforma de Martinho Lutero e do Renascimento houve uma aberta demonstração da imoralidade entre os lideres da Igreja. Aqueles que se diziam ocupar o lugar de Deus na terra mergulharam de uma vez por todas na corrupção e na prostituição. Houve quem comparasse os papas desta época aos terríveis imperadores romanos que viveram próximos ao inicio da era cristã e foram reconhecidos pela sensualidade e imoralidade.
Corrompido dessa forma, o poder foi usado para favorecer os oficiais da Igreja e seus parentes. Papas nomeavam sobrinhos e familiares próximos, alguns deles na idade de adolescência, para assumirem bispados e arcebispados por todo o império. Ser líder da Igreja era um grande negocio. Schaff fala um pouco mais sobre a moralidade do clero naquele tempo: “Os cardeais que residiam em Roma não procuravam resguardar as amantes das vistas do público. A paixão do jogo os envolvia na perda e no ganho de somas enormes, em uma só noitada. Os papas assistiam a sujas comédias, representadas no Vaticano. Seus filhos se casavam nas próprias câmaras do Vaticano e os cardeais se misturavam às senhoras que acorriam, como convidadas, às brilhantes diversões que os papas arranjavam” [5].
4 – Uma Igreja Enfraquecida
Todos esses atos de dominação, corrupção e imoralidade acabaram enfraquecendo a igreja. O papa acabou perdendo o respeito e o prestigio das ordens leigas da igreja que estavam submetidas a ele. Em 1309 o centro ou sede da Igreja deixou Roma para se estabelecer em Avignon na França. Durante 68 anos a Cúpula da Igreja foi francesa. Depois, com Gregório XI, a Igreja voltou a Roma. Mas alguns cardeais franceses não se conformaram com a sede do papado em Roma e elegeram um papa para si, que governou a Igreja novamente de Avignon.
Este foi um período da historia que contou com a existência de dois papas. Um em Roma, Clemente VII e outro em Avignon, Urbano VI, na França. Ambos se diziam sucessores do apostolo Pedro. De acordo com o historiador E.E.Cairns, o norte da Itália, grande parte da Germânia (Alemanha), a Escandinávia e a Inglaterra seguiram o papa romano. França, Espanha, Escócia e sul da Itália seguiram o para francês. Esta divisão continuou até o século seguinte [6].
Esse poder dividido contribuiu para o desgaste daquela autoridade pretendida pela Igreja Romana. Com o declínio da autoridade, a Influencia da Igreja no mundo começa a diminuir. Começam a surgir as cidades-estados que se opõem contra a pretensa soberania mundial do papa. As nações começaram a se seara do Santo império Romano e passaram a ser comandadas por um rei, que com seu exercito, protegia seus súditos contra a exploração da Igreja. A Inglaterra e a Boemia foram as primeiras regiões da Europa a se manifestarem contra o domínio papal. Surgiram a partir de então movimentos internos que clamavam por reforma. Dentre esse destacamos os personagens de John Wycliff, na Inglaterra e Jonh Huss na Boêmia.
Esses acontecimentos sucessivos demonstram a presença de Deus na história, abrindo espaço para Reforma de Martinho Lutero, João Calvino e Ulrich Zwinglio. O caminho para renascimento das artes, da ciência e da religião começa a ser trilhado.
Conclusão
Os dois últimos séculos antes da Reforma formaram um verdadeiro período de trevas. Deus, então, preparou homens e mulheres para uma grande transformação de proporções mundiais, cujos efeitos chegam até nós hoje. Tanta imoralidade e perversão acabaram  por propiciar a entrada deste novo movimento. O mundo necessitava de Deus, da sua Palavra e de uma transformação que abrangesse não só a sua vida espiritual, mas também a restauração da dignidade humana. Tudo isso veio com a Reforma do século 16.
Hoje o homem continua necessitando de Deus. É o momento de avaliarmos a missão da Igreja de Cristo e começarmos a produzir frutos que promovam a glória de Deus e resgatem a dignidade humana que está mergulhada no pecado, na corrupção e na violência do mundo atual.
Nota
[1] - D.S.SCHAFF Nossa Crença e a de nossos Pais São Paulo: Imprensa Metodista, 1964. P.48.
[2] – Timothy GEORGE Teologia dos Reformadores São Paulo: Vida Nova, 1994. P.35
[3] – Nossa Crença e a de Nossos Pais, p. 49.
[4] – Teologia dos Reformadores, p. 35.
[5] – Nossa Crença e a de Nossos Pais, pp. 58-59.
[6] – E.E.CAIRNS  O Cristianismo Através dos Séculos São Paulo: Vida Nova, 1992. P.201.
Autor: Dráusio Piratininga Gonçalves
Fonte: Revista Palavra Viva, lição 01, pg 2-4, Editora Cultura Cristã.

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