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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

A Teologia




Vincent Cheung

1. TEOLOGIA
A reflexão teológica é a atividade mais importante que um ser humano pode realizar.
Essa declaração pode surpreender alguns leitores, mas uma explicação do significado e
das implicações do empreendimento teológico fornecerá justificativa para uma tal
reivindicação. Consideraremos a natureza, a possibilidade e a necessidade desse campo
de estudo
.
A NATUREZA DA TEOLOGIA

A palavra TEOLOGIA refere-se ao estudo de Deus. Quando usada num sentido mais
amplo, a palavra pode incluir todas as outras doutrinas reveladas na Escritura. Ora, Deus
é o supremo ser que criou e até agora sustenta tudo o que existe, e a teologia procura
entender e articular, de uma maneira sistemática, a informação por ele revelada a nós.
Assim, a teologia se preocupa com a realidade última. Visto que é o estudo da realidade
última, nada é mais importante. Porque contempla e discuta essa realidade, ela,
conseqüentemente, define e governa cada área da vida e do pensamento. Portanto, assim
como Deus é o ser ou realidade última, a reflexão teológica é a atividade humana
última.

 Teologia, então, refere-se ao estudo da Escritura ou à formulação sistemática
das doutrinas dessa. Uma doutrina verdadeiramente bíblica é sempre autorizada e
obrigatória, e um sistema de teologia é somente autorizado até onde ele reflita o ensino
escriturístico.

Muitos advertem contra estudar teologia para o próprio bem dessa. O espírito antiintelectual
dessa geração tem se infiltrado de tal maneira na igreja, que eles recusam a
crer que alguma atividade intelectual possua valor intrínseco. Para eles, até mesmo
conhecer a Deus deve servir para um propósito maior, provavelmente pragmático ou
ético. Embora o conhecimento de Deus deva afetar a conduta de alguém, é, contudo, um
engano pensar que o empreendimento intelectual da teologia sirva a um propósito que
seja maior do que ela mesma. Os cristãos devem afirmar que, visto que estudar teologia
é conhecer a Deus, e esse é o maior propósito do homem, a teologia, portanto, possui
um valor intrínseco. Jeremias 9:23-24 diz:

Assim diz o Senhor: “Não se glorie o sábio em sua sabedoria nem o forte em sua
força nem o rico em sua riqueza, mas quem se gloriar, glorie-se nisto: em
compreender-me e conhecer-me, pois eu sou o Senhor e ajo com lealdade, com
justiça e com retidão sobre a terra, pois é dessas coisas que me agrado”, declara
o Senhor.

Não há finalidade maior a que o conhecimento de Deus pretende alcançar, e não há
propósito maior para o homem senão o de que conhecer a Deus. O conhecimento
teológico produz demandas morais e outros efeitos na vida de uma pessoa, mas essas não são propósitos maiores do que a tarefa teológica de conhecer a revelação verbal de
Deus.

A POSSIBILIDADE DA TEOLOGIA

Um pré-requisito para se construir um sistema teológico é provar que o conhecimento
teológico é possível. Jesus diz que “Deus é Espírito” (João 4:24); ele transcende a
existência espaço-temporal do homem. A questão que então se levanta diz respeito a
como os seres humanos podem conhecer algo sobre ele. Deuteronômio 29:29 tem a
resposta:

As coisas encobertas pertencem ao SENHOR, o nosso Deus, mas as reveladas
pertencem a nós e aos nossos filhos para sempre, para que sigamos todas as
palavras desta lei (Deuteronômio 29:29).

Teologia é possível porque Deus se revelou a nós através das palavras da Bíblia.
Deus revelou sua existência, atributos e exigências morais a todo ser humano, incluindo
tal informação dentro da mente do homem. A própria estrutura da mente humana inclui
algum conhecimento sobre Deus. Esse conhecimento inato, conseqüentemente, faz com
que o homem reconheça a criação como a obra de um criador. A grandeza, magnitude e
o desígnio complexo da natureza servem para lembrar ao homem de seu conhecimento
inato sobre Deus.

Os céus estão declarando a glória de Deus. A vasta expansão mostra o seu
trabalho manual. Um dia “fala” disso a outro dia; uma noite mostra
conhecimento a outra noite. Não há discursos, não há palavras; Nenhum som é
ouvido delas. Sua “voz” estende-se por toda a terra, suas palavras até os confins
do mundo (Salmo 19:1-3). 1

Portanto, a ira de Deus é revelada dos céus contra toda impiedade e injustiça dos
homens que suprimem a verdade pela injustiça, pois o que de Deus se pode
conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Pois desde a
criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua
natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das
coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis; porque, tendo
conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas
os seus pensamentos tornaram-se fúteis e o coração insensato deles obscureceuse
(Romanos 1:18-21). 2

Embora o testemunho da natureza concernente ao seu criador seja evidente, o
conhecimento do homem sobre Deus não vem da observação da criação. A última passagem em Romanos nos informa que o conhecimento de Deus não vem de
procedimentos empíricos, mas do que tem sido diretamente “escrito” na mente do
homem — é um conhecimento inato:

De fato, quando os gentios, que não têm a Lei, praticam naturalmente as coisas
requeridas pela lei, tornam-se lei para si mesmos, embora não possuam a Lei;
pois mostram que os requerimentos da Lei estão escritas em seu coração. Disso
dão testemunho também a sua consciência e os pensamentos deles, ora
acusando-os, ora defendendo-os (Romanos 2:14-15). 3

Os teólogos chamam isso de REVELAÇÃO GERAL. Esse conhecimento de Deus é inato
na mente do homem e não se origina da observação do mundo externo. O homem não
infere do que ele observa na natureza que deve existir um Deus; antes, ele conhece o
Deus da Bíblia antes de ter acesso a qualquer informação empírica. A função da
observação é estimular a mente do homem a recordar esse conhecimento inato de Deus,
que foi suprimido pelo pecado, e é também por esse conhecimento inato que o homem
interpreta a natureza.

Toda pessoa tem um conhecimento inato de Deus, e para onde quer que ele olhe, a
natureza lembra disso. Todos os seus pensamentos e todas as suas experiências dão
testemunho irrefutável da existência e dos atributos de Deus; a evidência é inescapável.
Portanto, aqueles que negam a existência de Deus são acusados de suprimir a verdade
pela sua perversão e rebelião, e ao reivindicaram ser sábios, tornaram-se loucos
(Romanos 1:22). Em outras palavras, a revelação geral de sua existência e atributos por
toda a sua criação – isto é, o conhecimento inato do homem e as características do
universo – deixam aqueles que negam a sua existência sem escusa, e assim eles são
justamente condenados.

Embora uma pessoa tenha um conhecimento inato da existência e dos atributos de Deus,
e o universo criado sirva como um lembrete constante, a revelação geral é insuficiente
para conceder conhecimento salvífico de Deus e de informação impossível de ser assim
obtida. Assim, Deus revelou o que Lhe agradou nos mostrar através da revelação verbal
ou proposicional – isto é, a Escritura. Essa é a sua REVELAÇÃO ESPECIAL. Através dela,
ganha-se informação rica e precisa concernente a Deus e às suas coisas. É também
através da Escritura que uma pessoa pode obter um conhecimento salvífico de Deus.
Uma pessoa que estuda e obedece a Escritura ganha salvação em Cristo:
Quanto a você, porém, permaneça nas coisas que aprendeu e das quais tem
convicção, pois você sabe de quem o aprendeu. Porque desde criança você
conhece as Sagradas Letras, que são capazes de torná-lo sábio para a salvação
mediante a fé em Cristo Jesus. (2 Timóteo 3:14-15)

O conhecimento de Deus é também possível somente porque ele fez o homem à sua
própria imagem, de forma que há um ponto de contato entre os dois, a despeito da
transcendência de Deus. Animais ou objetos inanimados não podem conhecer a Deus
como o homem, mesmo se lhes fosse dada sua revelação verbal.

Deus preferiu nos revelar informação através da Bíblia – em palavras, ao invés de
imagens ou experiências. A comunicação verbal tem a vantagem de ser precisa e
acurada, quando propriamente feita. Visto que esta é a forma de comunicação que a
Bíblia assume, um sistema teológico digno deve ser derivado de proposições
encontradas na Bíblia, e não de quaisquer meios de comunicação não-verbais tais como
sentimentos ou experiências religiosas.

Ora, todo sistema de pensamento parte de um princípio primeiro, e usa o raciocínio
dedutivo ou indutivo, ou ambos, para derivar o restante do sistema. Um sistema que usa
raciocínio indutivo não é confiável e desbanca para o ceticismo, 4 visto que a indução é
sempre uma falácia formal, que freqüentemente depende de informação empírica, e
produz conclusões universais a partir de particularidades. A certeza absoluta vem
somente de raciocínio dedutivo, nos quais particularidades são deduzidas de
universalidades por necessidade lógica.

Contudo, visto que o raciocínio dedutivo nunca produz informação que já não esteja
implícita nas premissas, o princípio primeiro de um sistema dedutivo contém todas as
informações para o resto do sistema. Isto significa que um princípio primeiro por
demais estrito não conseguirá produzir um número suficiente de proposições para
providenciar aos seus partidários uma quantidade significativa de conhecimento. Assim,
indução e princípio primeiro inadequados tornam ambos impossível o conhecimento.

Mesmo que um primeiro princípio pareça ser amplo o suficiente, devemos providenciar
justificativa para afirmá-lo. Sua justificação não pode vir de uma autoridade ou
princípio mais altos, porque então ele não seria o primeiro princípio ou a autoridade
última dentro do sistema. Uma autoridade ou princípio menor dentro de um sistema não
pode verificar o primeiro princípio, visto que é deste próprio princípio primeiro que esta
autoridade ou princípio menor depende. Portanto, um primeiro princípio de um sistema
de pensamento deve ser auto-autenticador – ele deve provar a si mesmo verdadeiro.

A autoridade última dentro do sistema cristão é a Escritura; portanto, nosso princípio
primeiro é a infalibilidade bíblica, ou a proposição, “A Bíblia é a palavra de Deus”.

Embora haja argumentos convincentes para apoiar um tal princípio mesmo se alguém
fosse empregar métodos empíricos, de forma que nenhum incrédulo poderia refutá-los,
o cristão deve considerá-los como inconclusivos, visto não serem os métodos empíricos
confiáveis. 5 Além do mais, se fôssemos depender da ciência ou de outros
procedimentos empíricos para verificar a verdade da Escrituras, estes testes
permaneceriam então como juízes sobre a própria palavra de Deus, e assim, a Escritura
não mais seria a autoridade última em nosso sistema. 6 Como Hebreus 6:13 diz,
“Quando Deus fez a sua promessa a Abraão, por não haver ninguém superior por quem jurar, jurou por si mesmo”. Visto que Deus possui autoridade última, não há nenhuma
autoridade maior pela qual alguém possa pronunciar a Escritura como infalível.

Entretanto, nem todo sistema que reivindica autoridade divina tem dentro do seu
princípio primeiro o conteúdo para provar a si mesmo. Um texto sagrado pode
contradizer a si mesmo, e auto se destruir. Outro pode admitir a dependência da Bíblia
cristã, mas por outro lado, essa condena todas as outras alegadas revelações. Ora, se a
Bíblia é verdadeira, e ela reivindica exclusividade, então todos os outros sistemas de
pensamento devem ser falsos. Portanto, se alguém afirma uma cosmovisão não-cristã,
ele tem de, ao mesmo tempo, rejeitar a Bíblia.

Isto gera um confronto entre as duas cosmovisões. Quando isto acontece, o cristão pode
estar confiante que seu sistema de pensamento é impenetrável aos ataques alheios, e que
o próprio sistema bíblico fornece o conteúdo para tanto defender como atacar em tais
embates. O cristão pode destruir a cosmovisão de seus oponentes questionando o
princípio primeiro e as proposições subsidiárias do sistema. O princípio primeiro do
sistema se contradiz? Ele falha em satisfazer aos seus próprios requerimentos?7 O
sistema se desmorona por causa de problemas fatais de empirismo e indução? As
proposições subsidiárias contradizem uma a outra? Ele se apropria de premissas cristãs
não dedutíveis de seu próprio primeiro princípio?8 O sistema dá respostas adequadas e
coerentes para as questões últimas, tais como aquelas concernentes à epistemologia,
metafísica e ética?

Para repetir, o princípio primeiro do sistema cristão é a infalibilidade bíblica, ou a
proposição, “A Bíblia é a palavra de Deus”. Deste princípio primeiro, o teólogo põe-se a
construir um sistema de pensamento inclusivo baseado na revelação divina infalível.
Até onde este raciocínio é correto, toda parte do sistema é deduzido por necessidade
lógica do princípio primeiro infalível, e é, assim, igualmente infalível. E, visto que a
Bíblia é a revelação verbal de Deus, que requer nossa adoração e comanda nossa
consciência, um sistema de teologia deduzido com validade lógica é autorizado e
obrigatório. Portanto, até onde este livro for acurado na apresentação do que a Escritura
ensina, seu conteúdo resume o que todos os homens devem crer, o que os cristãos estão
comprometidos a crer, e o que é objetivamente verdadeiro.

A NECESSIDADE DE TEOLOGIA

A teologia é necessária não somente para as atividades cristãs, mas também para tudo
da vida e do pensamento. Visto que Deus é tanto máximo quanto onipotente, ele tem o
direito e a capacidade de dirigir todos os aspectos das nossas vidas. A teologia procura
entender e sistematizar sua revelação verbal, e é autorizada até onde ela reflete o ensino
da Escritura. A necessidade de teologia é uma questão da necessidade de comunicação
de Deus. Visto que este é o seu universo, a fonte derradeira de informação e
interpretação de tudo da vida e do pensamento é a revelação divina. E, visto que é
preciso ouvir de Deus, a teologia é necessária.

A teologia é central para tudo da vida e do pensamento, porque ela trata com a
revelação verbal do supremo ser — a realidade essencial que dá existência e significado
a tudo. Por exemplo, a ignorância de teorias musicais não tem relevância direta para
com a habilidade de alguém mexer com álgebra ou raciocinar sobre assuntos morais.

Contudo, a ignorância com respeito à revelação divina afeta tudo da vida e do
pensamento, desde a visão de alguém da história e da filosofia, até a interpretação da
música e literatura, e o entendimento de matemática e da física.

Visto que este é o universo de Deus, somente sua interpretação sobre tudo está correta, e
ele revelou seus pensamentos para nós através das palavras da Bíblia. Segue-se,
portanto, que uma ignorância da teologia significa que a interpretação de alguém de
cada assunto carecerá do fator definitivo que ponha nessa a perspectiva correta. Na área
de éticas, por exemplo, é impossível apresentar qualquer princípio moral universalmente
obrigatório, sem recorrer a Deus. Até os conceitos de certo e errado permanecem
indefinidos sem sua revelação verbal. E, visto que a Bíblia é a única revelação divina
objetiva e pública, o único modo de se recorrer à autoridade de Deus é apelando à
Bíblia.

Uma das maiores razões para se estudar teologia é o valor intrínseco do conhecimento
sobre Deus. Cada outra categoria de conhecimento é um meio para um fim, mas o
conhecimento de Deus é um fim digno em si mesmo. E, visto que Deus Se revelou
através da Escritura, conhecer a Escritura é conhecê-lo, e isto significa estudar teologia.
Sucumbindo ao espírito anti-intelectual desta geração, alguns crentes distinguem entre
conhecer a Deus e conhecer sobre Deus. Se “conhecer sobre” ele se refere ao estudo
formal da teologia, então, para eles, alguém pode saber muito sobre Deus sem conhecêlo,
e alguém pode conhecer a Deus sem conhecer muito sobre Ele. Um conhecimento
teológico de uma pessoa é desproporcional a quão bem ela conhece a Deus.

Mas, se é possível conhecer a Deus sem conhecer muito sobre ele, o que significa
conhecer a ele? Se conhecer a Deus significar ter companheirismo com ele, então, isso
envolve comunhão, que, conseqüentemente, requer a troca de pensamento e conteúdo
intelectual, dessa forma, trazendo de volta o conceito de conhecimento sobre algo. Uma
pessoa não pode se comunicar com outra sem trocar informação na forma de
proposições, ou de uma maneira na qual a informação conduzida seja redutível a
proposições.

Como alguém conhece a Deus, senão através de conhecer sobre ele? Alguém pode
responder que conhecemos a Deus através de experiências religiosas, mas até isso é
definido e interpretado pela teologia, ou conhecimento sobre Deus. O que é uma
experiência religiosa? Como alguém sabe que a recebeu? O que um sentimento ou
sensação particular significa? Respostas para estas questões podem somente vir pelo
estudo da revelação verbal de Deus. Mesmo se fosse possível conhecer a Deus através
da experiência religiosa, o que a pessoa ganha ainda é um conhecimento sobre Deus, ou
uma informação intelectual redutível a proposições.

Alguém pode reivindicar conhecer a Deus através da oração e da adoração. Mas, tanto o
objeto como a prática da oração e da adoração permanecem indefinidos até que esta
pessoa estude teologia. Antes de poder orar e adorar, ela deve primeiro determinar a
quem ela deva oferecer isso. Subsequentemente, ela deve determinar, a partir da
revelação bíblica, o modo no qual ela deve oferecer oração e adoração. A Escritura
governa cada aspecto da oração e da adoração. O conhecimento de Deus, portanto, vem
de sua revelação verbal, e não de meios ou exercícios religiosos não-verbais. A maioria
das pessoas que resiste aos estudos teológicos não pensa sobre tais questões, mas são
capazes de orar e adorar, assumindo, freqüentemente sem garantia, o objeto e a maneira
destas práticas espirituais.

Todavia, outra pessoa pode dizer que conseguimos conhecer a Deus por andar em amor.
Mas, novamente, o conceito de amor permanece indefinido até que ela estude teologia.
Até o relacionamento entre conhecer a Deus e andar em amor origina-se na Bíblia:
Amados, amemos uns aos outros, pois o amor procede de Deus. Aquele que ama
é nascido de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus,
porque Deus é amor (1 João 4:7-8).

Sem essa e outras passagens similares na Bíblia, não se pode justificar a reivindicação
de que conhecer a Deus é andar em amor. Muitos que alegam conhecer a Deus através
de um andar em amor, não estão fazendo nada além de serem bondosos para com os
outros, com uma bondade definida pelas normas sociais, e não pela Escritura. Estes
indivíduos não possuem nada mais do que uma ilusão de conhecer a Deus.

Uma vez que uma pessoa tenta responder às questões acima sobre como alguém chega a
conhecer a Deus, ela está fazendo teologia. O assunto, então, torna-se o seguinte: sua
teologia é correta? Portanto, teologia é inevitável. Enquanto que uma teologia errônea
leva a um desastre espiritual e prático, uma teologia acurada conduz a uma adoração
genuína e a um viver piedoso.

Um slogan que reflete a atitude anti-intelectual de muitos cristãos, diz: “Dê-me Jesus,
não exegese”. Contudo, é a Escritura que nos dá informação sobre Jesus, e é através da
exegese bíblica que averiguamos o significado da Escritura. Sem exegese, portanto,
ninguém pode conhecer Jesus. Deve-se apenas testar essa afirmação questionando
aqueles que dizem tais coisas, com este slogan, sobre o que eles sabem sobre Jesus? Na
maioria das vezes, sua versão de Jesus não se parece, nem remotamente, com o relato
bíblico. Isto significa que eles não o conhecem de forma alguma, sem falar de outros
tópicos teológicos importantes, tais como infalibilidade bíblica, eleição divina e governo
de igreja. O que temos de dizer é: “Dê-me Jesus através da exegese”.

Um repúdio à teologia é também uma recusa de conhecer a Deus por meio do modo por
ele prescrito. O conhecimento da Escritura — conhecer sobre Deus ou estudar teologia
— deve estar cima de tudo da vida e pensamento humano. A teologia define e dá
significado a tudo que alguém possa pensar ou fazer. Ela está cima de todas as outras
necessidades (Lucas 10:42); nenhuma outra tarefa ou disciplina se aproxima dela em
significância. Portanto, o estudo da teologia é a atividade humana mais importante.

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1 Robert L. Reymond, A New Systematic Theology of the Christian Faith; Nashville, Tennessee: Thomas
Nelson, Inc.; p. 396. Lemos na NVI assim: “Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a
obra das suas mãos. Um dia fala disso a outro dia; uma noite o revela a outra noite. Sem discurso nem
palavras, não se ouve a sua voz.”.
2 “Sua realidade invisível — seu eterno poder e sua divindade — tornou-se inteligível, desde a criação do
mundo, através das criaturas, de sorte que não têm desculpa” (v. 20, Bíblia de Jerusalém).
3 “Quando então os gentios, não tendo Lei, fazem naturalmente o que é prescrito pela Lei, eles, não tendo
Lei, para si mesmo são Lei; eles mostram a obra da lei gravada em seus corações, dando disto
testemunho sua consciência e seus pensamentos...” (v. 14-15, Bíblia de Jerusalém).
4 A posição auto-contraditória de que o conhecimento é impossível.
5 Veja meus outros escritos que mostram como os métodos científicos e empíricos de investigação
impedem a descoberta da verdade.
6 Como uma menor parte de sua estratégia apologética, o cristão pode empregar argumentos empíricos
para refutar objeções de incrédulos, que freqüentemente reivindicam se apoiar em dados empíricos.
Todavia, os argumentos mais fortes para o Cristianismo não dependem de raciocínio empírico ou
indução, que são fatalmente defeituosos. Em outro livro argumento que o empirismo faz com que o
conhecimento seja impossível.
7 Por exemplo, um princípio que declara que toda afirmação deve ser empiricamente verificada não pode
ele mesmo ser empiricamente verificado. O princípio se auto-destrói.
8 Para maior informação sobre indução e dedução, empirismo e racionalismo, princípio primeiro,
cosmovisões, e como defender a fé cristã, ver Ultimate Questions, Presuppositional Confrontations, e The
Light of Our Minds, de Vincent Cheung.

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