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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Estudo revela novos indícios sobre a ressurreição de Jesus Cristo



Um grupo de arqueólogos e especialistas em assuntos religiosos apresentou em Nova York as conclusões de uma pesquisa que apresenta indícios da ressurreição de Jesus a partir de um túmulo localizado em Jerusalém há três décadas.

"Até agora me parecia impossível que tivessem aparecido túmulos desse tempo com provas confiáveis da ressurreição de Jesus ou com imagens do profeta Jonas, mas essas evidências são claras", afirmou nesta terça-feira à Agência Efe o professor James Tabor, diretor do departamento de estudos religiosos da Universidade da Carolina do Norte, um dos responsáveis pela pesquisa.

O túmulo em questão foi descoberto em 1981 durante as obras de construção de um prédio no bairro de Talpiot, situado a menos de quatro quilômetros da Cidade Antiga de Jerusalém. Um ano antes, neste mesmo lugar, foi encontrado um túmulo que muitos acreditam ser de Jesus e sua família.

Ao lado do professor de Arqueologia Rami Arav, da Universidade de Nebraska, e do cineasta canadense de origem judaica Simcha Jacobovici, Tabor conseguiu uma permissão da Autoridade de Antiguidades de Israel para escavar o local entre 2009 e 2010.

Em uma das ossadas encontradas, que os especialistas situam em torno do ano 60 d.C., é possível ver a imagem de um grande peixe com uma figura humana na boca, que, segundo os pesquisadores, seria uma representação que evoca a passagem bíblica do profeta Jonas.

A pesquisa, realizada com uma equipe de câmeras de alta tecnologia, também descobriu uma inscrição grega que faz referência à ressurreição de Jesus, detalhou à Agência Efe o professor Tabor, que acrescentou que essa prova pode ter sido realizada "por alguns dos primeiros seguidores de Jesus".

"Nossa equipe se aproximou do túmulo com certa incredulidade, mas os indícios que encontramos são tão evidentes que nos obrigaram a revisar todas as nossas presunções anteriores", acrescentou o especialista, que acaba de publicar um livro com todas as conclusões de sua pesquisa, "The Jesus Discovery".

O professor reconhece que suas conclusões são "controversas" e que vão causar certo repúdio entre os "fundamentalistas religiosos", enquanto outros acadêmicos seguirão duvidando das evidências arqueológicas da cristandade.

Anteriormente, essa mesma equipe de pesquisadores participou do documentário "O Túmulo Secreto de Jesus", produzido pelo cineasta James Cameron. Na obra, os arqueólogos encontraram dez caixões que asseguram pertencer a Jesus e sua família, incluindo Virgem Maria, Maria Madalena e um suposto filho de Jesus.

Segundo o documentário, as ossadas encontradas supostamente apresentavam inscrições correspondentes às identidades de Jesus e sua família, o que acaba reforçando a versão apresentada no livro "O Código da Vinci", de Dan Brown, o mesmo que indica que Jesus foi casado com Maria Madalena e que ambos teriam tido um filho juntos. 


Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,estudo-revela-novos-indicios-sobre-a-ressurreicao-de-jesus-cristo,842126,0.htm

A IDOLATRIA EVANGÉLICA POR SILAS MALAFAIA


O pessoal do Cante as Escrituras tirou uma foto interessantíssima na cruzada evangelística do pastor Silas Malafaia em Fortaleza. 

Na ocasião, nossos irmãos testemunharam uma multidão de pessoas comprando por singelos R$ 2,00 (Dois Reais), bandanas e gravatas com o nome do ex-bigodudo. 

Segundo o pessoal do Cante as Escrituras, uma enorme quantidade de fãs compraram os apetrechos "malafalianos" demonstrando assim sua veneração ao polêmico pastor.

Prezado amigo, confesso que estou assustado com a idolatria evangélica! Sinceramente diante do que vejo sou levado a crer que alguns dos evangélicos estão ensandecidos. Ora, fazer bandanas e gravatas com o nome do Silas Malafaia é o cúmulo da idolatria.

Pois é, diante desta loucura manifesto a minha preocupação com o rumo da igreja evangélica brasileira. Lamentavelmente parte dos evangélicos está acreditando num evangelho absolutamente diferente do pregado por Jesus e pelos apóstolos.

Diante do exposto, resta-nos chorar diante do Senhor pedindo a ele que nos perdoe os pecados e mude definitivamente os rumos da Igreja de Cristo

Pense nisso!

Renato Vargens


terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Jejum cristão: o que diz a Bíblia?



Resposta: A Escritura não ordena que os
cristãos jejuem. Não é algo que Deus peça ou exija dos cristãos. Ao mesmo
tempo, a Bíblia apresenta o jejum como algo bom, lucrativo e esperado. O Livro
de Atos registra os crentes jejuando antes de tomarem importantes decisões
(Atos 13:4; 14:23). Jejum e oração freqüentemente andam juntos (Lucas 2:37;
5:33). Muito freqüentemente, o foco do jejum é a falta de comida. Mas ao invés
disto, o propósito do jejum deveria ser desviar seus olhos das coisas deste
mundo, e então direcionar sua mente a Deus. Jejuar é uma maneira de demonstrar
a Deus e a você mesmo que você leva a sério seu relacionamento com Ele. Jejuar
ajuda você a ganhar nova perspectiva e uma renovada confiança em Deus.


Apesar de o jejum nas Escrituras estar quase sempre relacionado à comida, há
outras maneiras de jejuar. Tudo que você pode abrir mão temporariamente para
que melhor se concentre em Deus pode ser considerado um jejum (I Coríntios
7:1-5). O jejum deve ser limitado a um determinado período de tempo, principalmente
quando o jejum é de alimento. Longos períodos sem comer fazem mal ao corpo. O
jejum não é para punir a carne, mas para que se concentre em Deus. O jejum
também não deve ser considerado como um “método de dieta”. Não jejue para
perder peso, mas para ter um relacionamento mais profundo com Deus. Sim, todos
podem jejuar. Alguns podem não conseguir jejuar de comida (os diabéticos, por
exemplo), mas todos podem, temporariamente, abrir mão de algo para se
concentrar em Deus.


Desviando nossos olhos das coisas deste mundo, podemos melhor voltá-los para
Cristo. Jejuar não é uma maneira de conseguir de Deus o que queremos. O jejum
muda a nós, não a Deus. Jejuar não é uma maneira de parecermos mais espirituais
do que os outros. Jejuar é algo a ser feito em espírito de humildade e atitude
alegre. Mateus 6:16-18 declara: “E, quando jejuardes, não vos mostreis
contristados como os hipócritas; porque desfiguram os seus rostos, para que aos
homens pareça que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.
Tu, porém, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto, Para não
pareceres aos homens que jejuas, mas a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai,
que vê em secreto, te recompensará publicamente.”



Fonte: http://gotquestions.org/

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Assassinado Bispo D. Robinson Cavalcanti



O bispo diocesano da Igreja Anglicana, cientista político e professor aposentado da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Dom Edward Robinson Cavalcanti, de 64 anos, e a esposa dele, a professora aposentada Mirian Nunes Machado Cotias Cavalcanti, também de 64 anos, foram assassinados na casa da família, na Rua Barão de São Borja, número 305, em Jardim Fragoso, Olinda, na noite do último domingo (26).
De acordo com a policia, o autor do crime é o filho adotivo do casal Eduardo Olímpio Cotias Cavalcanti, de 29 anos. O homem morava nos Estados Unidos desde os 16 anos de idade e teria voltado ao Brasil há cerca de 15 dias depois de ter sido preso no país estrangeiro várias vezes por envolvimento com drogas e outros delitos. Eduardo estava passando por um processo de deportação.
Os corpos já foram necropsiados pelos peritos do Instituto de Medicina Legal (IML) no Recife. Segundo a polícia, o bispo sofreu três facadas e a esposa apenas uma, na altura do peito esquerdo. De acordo com familiares, o corpo do religioso devem ser sepultado na próxima quinta-feira na Catedral Anglicana de Boa Viagem, como pedem os rituais da igreja. Esta tarde, a família tem reunião com os representantes da igreja para tentar adiantar o enterro. Segundo os parentes, a professora Miriam teria revelado o desejo de ser sepultada no Cemitério Morada da Paz, no Paulista.
Segundo o reverendo Hermany Soares, amigo da família, quando Eduardo chegou ao Brasil, ele foi buscá-lo no aeroporto e ainda no desembarque teria perguntado onde poderia comprar uma arma.
Ontem pela manhã, o rapaz saiu de casa, foi beber na praia e voltou à tarde. À noite, foi visto amolando uma faca na frente do portão de casa.
Na noite de ontem, horas antes do crime, o bispo, a esposa e o filho foram juntos ao culto. Na ocasião, o religioso falou aos fieis sobre a alegria em ter o filho de volta à casa, lembrando que aquele era o primeiro culto após a chegada de Eduardo ao Brasil.
Por volta das 22 horas, Eduardo começou a discutir com o pai, pegou a faca e golpeou o idoso. A mãe foi defender o marido e também foi esfaqueada.
O bispo Robison morreu no quarto. A mãe ainda foi levada para o Hospital Tricentenário, em Olinda, com uma facada no peito esquerdo, mas já chegou morta. Após o crime, Eduardo tentou cometer suicídio ingerindo uma substância ainda não identificada e desferindo vários golpes de faca no próprio peito.
Eduardo foi levado para o Hospital da Restauração (HR) por uma viatura da Polícia Militar e permanece internado na Unidade de Traumas. Está respirando com ajuda de aparelhos. Seu estado de saúde é considerado grave pelos médicos e ele não tem previsão de alta.
Segundo informações de parentes, o bispo Robinson foi o coordenador regional da primeira campanha do ex-presidente Lula para presidente da República, que, inclusive, o teria visitado em casa depois de eleito. O bispo também foi candidato à deputado federal e proferiu palestras na Organizações das Nações Unidas.
Em relação ao ocorrido, a Igreja Anglicana divulgou uma nota de falecimento. Confira o documento na íntegra:
É com grande pesar que a Igreja Anglicana - Diocese do Recife, comunica o trágico falecimento do  Reverendíssimo Bispo Diocesano, Dom Edward Robinson de Barros Cavalcanti, e de sua esposa Miriam Cavalcanti, ocorrido neste domingo 26/02/2012 por volta das 22h na cidade de Olinda-PE.

A família diocesana agradece a Deus pela vida e devotado ministério do seu Pai em Deus, pastor, mestre e amigo, um verdadeiro profeta e mártir do nosso tempo, que lutou pela causa do evangelho de Cristo, por Sua igreja, bem como pela Comunhão Anglicana, e que contou sempre com sua esposa que, como fiel ajudadora, o apoiou em todos os anos de seu ministério.

Partiu para a Eternidade deixando um legado de serviço, amor e firmeza doutrinária, pelos quais essa Diocese continuará.

Oportunamente estaremos divulgando dia, horário e local do seu sepultamento.

Revmº Bispo Evilásio Tenório – Bispo Sufragâneo Eleito

Revmº Bispo Flávio Adair – Bispo Sufragâneo Eleito

Rev. Márcio Simões – Presidente do Conselho Diocesano
UFPE também lamenta morte do professor aposentado Robinson Cavalcanti:

A UFPE lamenta as mortes trágicas do professor Edward Robinson de Barros Cavalcanti, 67 anos, e de sua esposa, Miriam Nunes Machado Cotias Cavalcanti, ocorridas ontem (26). O docente ingressou na Universidade em março de 1972, tendo se aposentado em setembro de 1995. Ele atuou no Departamento de Ciências Sociais e, no período de 1992 a 1996, ocupou o cargo de diretor do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH).
 
O professor era graduado em Direito, pela UFPE, e em Ciências Sociais, pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). Possuía Mestrado em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro. Na UFPE, coordenou o primeiro curso de especialização em Ciência Política, em 1979, e o Mestrado em Ciência Política, de 1986 a 1989. Foi membro dos Conselhos de Administração e Universitário e também integrou colegiados. Ministrou disciplinas com temáticas ligadas a partidos políticos, coronelismo, teoria política moderna e império.
 
Entre suas publicações, estão os livros As Origens do Coronelismo (Editora Universitária da UFPE, 1984) e Cristianismo e Política " teoria bíblica e prática histórica (1985). "Ele sempre se renovou na vida. Sempre foi aberto ao diálogo com sensibilidade", disse o professor Michel Zaidan, da Pós-Graduação em Ciência Política da UFPE.
 
Robinson Cavalcanti também trabalhou da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Unicap e Faculdade Frassinetti do Recife (Fafire). Ele ainda atuou como professor visitante na Universidade do Alabama, nos Estados Unidos, no ano de 1988, e era bispo anglicano.
Com informações do repórter Edson Araújo, da TV Clube

O problema do mal no relato da criação





O relato da criação NÃO é um relato histórico, é um relato sapiencial. Seria competamente inútil procurar a "árvore da ciência do bem e do mal" nos manuais de botânica. Trata-se claramente de um termo simbólico, como o são os demais termos que aparecem no relato: a felicidade, o pecado, a morte... São todos esses temas de reflexão da sabedoria oriental. 


Que ninguém estranhe o fato da narração bíblica não considerar a evolução das espécies nem o poligenismo. Os primeiros capítulos do Genesis são o registro de uma tradição espiritual, os ensinamentos ali não são históricos, são espirituais. Nenhum daqueles homens tinha nenhum conhecimento desses assuntos científicos modernos. Tampouco cabe pensar que estamos diante de um relato para mentes primitivas escrito por um autor "mais bem informado" do que seus contemporâneos, por ter tido uma visão milagrosa do que acontecera. Não tem o menor sentido esperar que os autores bíblicos resolvam problemas científicos da nossa época, como os assuntos referentes a origem da humanidade, que era totalmente desconhecidos para eles. 


O que podemos procurar, em contrapartida, nos relatos bíblicos da criação, são ensinamentos sobre problemas comuns tanto para eles quanto para nós, porque assim, em vez de levarmos o texto ao ridículo, e ao invés de destacar anacronismos nos textos, encontraremos a sua eterna modernidade. 


Por que existe o mal no mundo? O mal não foi criado nem por Deus, nem por um segundo princípio independente de Deus, mas foi introduzido no mundo pelo próprio homem ao abusar da liberdade que Deus lhe deu. Mas o autor bíblico não se expressava em termos abstratos, ele pertencia a uma cultura narrativa (por isso mesmo que Jesus, que pertencia a mesma cultura, se expressava através de parábolas). 


Os escritores biblicos não inventavam as narrações que iam empregar para se expressar, mas colecionavam seu material a partir das tradicoes populares de Israel, que por sua vez tiveram contato com os povos vizinhos. Por exemplo, o mito babilônico da criação contava que o deus Ea criou o bem e o mal. Ea também criou o homem com barro, mas nele pôs tendências más ao misturar o barro com o sangue de Kingu, um deus caído. ("O poema babilonico de la creacion", em "La sabiduria del antigo Oriente", J.B.Pritchard) Israel pode ter se apropriado desse tipo de relato para narrar uma criação em sete dias. Para deixar claro que existe um só princípio, Deus aparece criando tudo, inclusive sol e lua, que em muitos povos são considerados deuses. Para dizer que Deus não criou o mal, cada dia da criaçãos e conclui com "Deus viu que isso era bom". Depois só faltava acrescentar a narração do pecado de Adão e Eva. 


Para os literalistas, esse tipo de leitura é inconcebível. Eles preferem se exercitar em explicações fantásticas, negando a existência dos dinossauros, ou atribuindo-os a mutações genéticas causadas por Satanás. (Pasmem! Já ouvi isso sim!) O dilúvio teria sido mesmo causado por um volume absurdo de água que apareceu e desapareceu fantasticamente. O sol parou no céu, a ninguém foi arremessado no vácuo espacial pela inércia, nem houve desacerto nenhum nos sistemas astronômicos. E assim por diante. A explicação para tudo? Que para Deus tudo é possível. Mas uma outra explicação talvez fosse que, para evitar ter que mudar de opinião, qq ginástica mental é possível.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

O relato da criação no Gênesis




Uma interpretação profética da história do mundo. A fé de Israel.

O exílio foi uma dura prova para Israel. O fracasso do projeto de um reino temporal, o sofrimento e a humilhação de viver sob o poder estrangeiro, o contato com outras culturas, outras crenças, tudo isso colocava sérias perguntas à fé de Israel.

Os profetas, intérpretes da ação de Deus na história, que ajudaram a sustentar a esperança de Israel nos tempos mais críticos, ajudaram-no tb a compreender a sua história no contexto da história de todos os povos. A derrota e o exílio forçaram Israel a superar uma visão simplista de sua história para compreender que a ação de Deus ia muito além de suas fronteiras. Os profetas autores dos livros sagrados quiseram mostrar, iluminados pela luz da fé, que Javé, o Deus de Israel, é o Deus de todos os homens e dirige a história de todos os povos.

O livro do Genesis

Os onze primeiros capítulos do Genesis mostram a ação salvadora de Deus no mundo, desde suas origens. Mas é inútil procurar nesse texto dados precisos sobre uma "pré-história do povo de Deus". O autor não tinha como conseguir esses dados. A revelação divina não acontece para satisfazer a curiosidade de ninguém, nem vem suprir uma tarefa que pertence a pesquisa histórica ou à ciência cosmológica. Ela vem para ensinar-nos sobre o significado religioso-espiritual dessa história impossível de ser escrita.

O relato da criação. O mito do paraíso.

Para combater os mitos pagãos, Israel cria seu próprio mito inspirado na sua fé. Essa estória não tem nada a te dizer sobre a maneira como se deu a aparição do homem no mundo, sobre a situação concreta dos primeiros homens, sobre a sua maneira de vida, nem mesmo sobre suas experiências precisas de fidelidade ou de pecado. Entretanto, elas podem te revelar, como Palavra de Deus, a presença do amor de Deus na história dos homens, a realidade do pecado, a vitória da graça de Deus sobre o pecado.

Algumas pistas para a interpretação dos símbolos relacionados no relato da criação:

* Adão - palavra hebraica que significa "homem".
* Barro, sôpro de Deus - situação do homem, ligado à terra, mas sentindo em si uma vida que o coloca em ligação com Deus.
* Costela de Adão - igualdade essencial do homem e da mulher, na dignidade e nos direitos.
* Paraíso - a realização plena do homem. Coincide com o que os profetas anunciavam para o futuro: paz, harmonia, plenitude das bençãos divinas.
* Árvore da vida - a Palavra, a sabedoria divina que permite a vida do homem ser plenificada pela vida eterna de Deus.
* Árvore do conhecimento do bem e do mal - a magia, que pretende o poder absoluto, a decisão autônoma sobre o bem e sobre o mal, sem referência a Deus. (Em hebraico, "conhecer" é o mesmo que "possuir", dominar a coisa conhecida.) O contrário da religião.
* Serpente - símbolo das divindades da fertilidade. A tentação de Israel em face dos deuses cananeus: apropriar-se magicamente da fertilidade, em lugar de recebê-la como dom de Javé.
* O fruto oferecido pela mulher - os reis de Israel foram arrastados à idolatria pelas mulheres estrangeiras do palácio.
* os espinhos da Terra, o suor do trabalho, as dores do parto, a morte - todas as limitações da natureza humana, na perspectiva, sem esperança, de um mundo em que o homem destruiu, pelo pecado, os meios de acesso à vida divina. Sem saída para a vida, essas limitações se tornam dolorosas e sem sentido.


O drama da vida no relato da criação.

O relato da criação é uma espécie de drama em três atos, e nenhum deles pode ser esquecido, senão o sentido de toda a estória vai ser deturpado:

* 1º ATO: O plano de Deus para o homem e para o mundo.
* 2º ATO: O pecado - atitude livre do homem - entra em cena, opondo um obstáculo ao plano divino.
* 3º ATO: Deus torna a entrar no cenário e, diante da situação criada pelo homem, revela novos aspectos do seu plano de salvação que vêm ao encontro da situação criada pelo pecado.

O autor do Genesis quer mostrar a história do mundo como a História da Salvação. Para mostrar a presença do amor de Deus na história do mundo, ele escolhe um caminho bem simples: projeta na história do mundo a experiência vivida por seu povo, a história de Israel. Mas, sendo basicamente a mesma experiência de graça e de pecado de todo homem perante a Deus, e agindo sob a inspiração divina, essa estória ultrapassa os limites da experiência de um povo para ser o relato da situação de todo homem diante de Deus.

* 1º ATO: O plano de Deus - dirigindo a trama há o grito de não-aceitação da situação do mundo: ela não corresponde ao plano de Deus.
* 2º ATO: O pecado - assim como Israel colocou obstáculos à realização das promessas divinas, tb a humanidade toda coloca obstáculos para a construção do Reino de Deus.
* 3º ATO: A restauração do plano divino - da mesma maneira que as infidelidade de Israel não conseguiram frustrar as promessas divinas, graças ao amor e à misericórdia de Javé, que sempre se dispos, com paciência e amor de pai e de mãe, a reconduzir Israel com segurança para o Reino. Aliás, esse plano de restauração vai manifestar toda a sua riqueza na encarnação de Cristo.

Por isso que o relato da criação, como está no Genesis, é um sinal de esperança. A graça de Cristo excedeu o poder do pecado, a esperança cristã supera toda a visão pessimista da situação do homem no mundo.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Carta de um dos "fundadores" da Fanerose, pedindo perdão e reconhecendo que tudo isso foi um grande erro e obra de satanás



The Toronto Deception  by Paul Gowdy

Levei nove anos até criar coragem e escrever este relato. Demorei porque não tinha convicção de que seria correto falar sobre as fraquezas do corpo de Cristo publicamente. Em segundo, porque tinha que fazer uma jornada espiritual de busca em minha alma e me convencer de que, o que havia ocorrido na Igreja Aeroporto de Toronto foi ruim ou pelo menos pior do que bom.

Durante alguns anos falei da experiência de Toronto como uma bênção misturada. Penso que James A. Beverly o chamou assim em seu livro “Risada Santa” e a “Bênção de Toronto 1994”. Hoje diria que foi uma mistura de maldição, concluindo que qualquer coisa boa que alguém recebeu através desta experiência pessoal é enormemente ultrapassada pela gravidade do mal e do engano satânico. Aqui residia meu grande dilema.

Tento viver a vida cristã no temor do Senhor e Jesus exortou-nos que um dos pecados sem perdão era a blasfêmia contra o Espírito Santo, isto é, atribuir a Satanás o que é de fato uma obra de Deus. Não quero correr o risco de admitir que a bênção de Toronto era de Deus ou de Satanás, mas creio que Satanás usou esta experiência para cegar as pessoas sobre as doutrinas históricas de Deus, em que o fruto cresce ao lado de uma vida de arrependimento, pois as pessoas não puseram a prova aquelas manifestações para saber se eram mesmo de Deus ou de espíritos enganadores, e não testaram para saber se as profecias eram mesmo de Deus.

Depois de três anos fazendo parte do núcleo da bênção de Toronto nossa Igreja Vineyard em Scarborough ao leste de Toronto, praticamente se auto-destruiu. Devoramo-nos uns aos outros com fofocas, falando mal pelas costas, com divisões, partidarismo, criticas ferrenhas uns dos outros, etc. Depois de três anos “inundados” orando por pessoas, sacudindo-nos, rolando no chão, rindo, rugindo, rosnando, latindo, ministrando na igreja Internacional do Aeroporto de Toronto, fazendo parte de sua equipe de oração, liderando o louvor e a adoração naquele local, praticamente vivendo ali, tornamo-nos os mais carnais, imaturos, e os crentes mais enganados que conheci. Lembro-me de haver dito ao meu amigo e pastor principal da igreja de Vineyard de Scaraborough em 1997 de que, desde que a bênção de Toronto chegou ficamos esfacelados. Ele concordou.
  
Minha experiência é de que as manifestações dos dons espirituais de 1 Coríntios 12 eram mais comuns em nossas reuniões antes de Janeiro de 1994 (quando começou a bênção de Toronto) do que durante o período da suposta visitação do Espírito Santo.

No período de 1992-1993 quando orávamos pelas pessoas experimentamos o que chamo de a verdadeira profecia, libertação e graça vindas de nosso Senhor. Depois que se iniciou a bênção de Toronto, os períodos de ministração mudaram, e as únicas orações que ouvíamos eram: “Mais, Senhor”; com gritos de “fogo!”, sacudidelas esquisitas do corpo, e expressões de “oh! uuu! iehh”.

Em 20 de janeiro de 1994 quinze pessoas de nossa igreja foram ouvir Randy Clark, pastor da Igreja Vineyard na Igreja do Aeroporto de Toronto. John Arnot (pastor da igreja do aeroporto) convidou-nos para ir até lá. Ele nos disse que Randy havia estado nas reuniões de Rodney Howard Browne e que a coisa estourou em sua igreja nas semanas seguintes. John esperava que algo acontecesse também entre nós. Ficamos felizes em nos dirigir até lá. Tínhamos uma igreja noutra localidade que havia começado em 1992. Era uma igreja do centro de Scaraborough, ligada ao grupo Vineyard, mas bem a leste da Igreja do Aeroporto. Éramos uma família grande e alegre. E porque éramos poucos tínhamos reuniões especiais, conferencias, etc.

No ano anterior a maioria de nossos líderes participou de uma curta viagem missionária à Nicarágua. Na ocasião gozávamos de muita comunhão uns com os outros. Desde que deixei de fazer parte das igrejas Vineyard li muitos comentários e análises críticas. Alguns escreveram que a bênção de Toronto era uma grande conspiração que trazia heresia ao corpo de Cristo. Minha convicção é de que a heresia e a apostasia são apenas o resultado, mas nada do que aconteceu ali era intencional. Estou convencido de que os líderes das igrejas Vineyard são pessoas sérias que experimentaram um novo nascimento, amam o Senhor, mas caíram no laço do engano. Não amou o Senhor o suficiente para guardar os seus mandamentos. Fracassaram por não obedecer as escrituras e se desviaram porque anelavam algo maior e grandioso, mais empolgante e dinâmico. Eu também cometi este pecado. Preguei sobre esta renovação na Coréia, no Reino Unido, nos Estados Unidos e aqui no Canadá, e estou profundamente arrependido ao escrever este relato, e peço-lhes que vocês, a noiva e o corpo de Cristo me perdoem. Especialmente os pentecostais e carismáticos, pois todos fazem parte de minha família teológica.

Sou um crente “evangelical”, sempre o fui e jamais cri que os dons espirituais cessaram no fim da era apostólica. Creio que minhas raízes evangélicas (minha família é de Batistas e eu tive uma experiência de conversão e novo nascimento na igreja Presbiteriana) começaram a abrir os meus olhos para os problemas com a chamada renovação. Hoje, olhando pra trás fico me perguntando como fiquei tão cego assim? Eu via as pessoas imitando cachorros, fazendo de conta que urinavam nas colunas da Igreja do Aeroporto. Observava as pessoas agirem como animais latindo, rugindo, cacarejando, fazendo de contas que voavam, como se asas tivessem, comportando-se como bêbados, entoando cânticos “sem pé nem cabeça”, isto é, sem sentido algum. Hoje fico perplexo em pensar que eu aceitava tais coisas como manifestações do Espírito Santo. Era algo irreverente e blasfemo ao Espírito Santo da Bíblia.

Naquele tempo pensava que, enquanto não ensinassem qualquer coisa que violasse as escrituras, o que experimentávamos e víamos podia ser encaixado no campo do que chamamos de exótico. É um zumbido de manifestações que não encontram justificativas na perspectiva bíblica. Ensinaram-nos nas pregações que tínhamos apenas duas opções: uma enfermaria pulsando a vida (de bebês) em meio a fraldas sujas e crianças chorando ou o cemitério, onde tudo está em ordem, mas só há mortos. Pastor jovem e inexperiente, optei pela vida no caos. Não percebia que Deus quer que amadureçamos e que cresçamos nele. Fiquei perturbado com a palavra profética que veio através de Carol Arnot (esposa do líder em Toronto), relatando-nos que tivera uma experiência de noiva ao ser conduzida à presença de Jesus. Ela afirmou que o que experimentou era muito melhor que sexo! Aquilo me perturbou e comecei a me perguntar: como alguém pode comparar o amor de Deus ao sexo?

Quando começamos a suspeitar de que os demônios estavam à vontade em nossos cultos, John Arnot ensinava que devíamos nos perguntar se eles estavam chegando ou saindo. Se estiver saindo deles, está bem! John defendia o caos afirmando que não devíamos ter medo de sermos enganados, pois se havíamos pedido ao Espírito Santo para nos encher; como Satanás poderia nos enganar?

Isto deixaria o diabo muito forte e Deus muito fraco. Ele afirmava que precisávamos ter mais fé num grande Deus que nos protegia do que num grande diabo que nos enganaria.

Tais palavras eram convincentes, mas totalmente contrárias as escrituras, pois Jesus, Paulo, Pedro e João alertaram-nos sobre o poder dos espíritos enganadores, especialmente nos últimos dias. Mesmo assim, não devotamos amor a Deus para lhe obedecer a palavra e, como conseqüência, abrimo-nos a ação de espíritos mentirosos. Que Deus tenha misericórdia de nós!

Finalmente a ficha caiu quando eu rolava pelo chão, certa noite, “bêbado no Espírito”, como costumávamos dizer, e ali, cantando e rolando no chão, comecei a cantar uma canção de ninar: “Maria tinha um cordeiro e seu pelo era mais alvo que a neve”. Cantei esta música infantil de maneira debochada e imediatamente alguma coisa em meu coração sussurrou que aquilo era um demônio [1]. Imediatamente me arrependi e fiquei chocado com aquela experiência. Como um demônio entrou em mim? Eu amava a Deus? Não era zeloso pelas coisas de Deus? Não era totalmente louco por Jesus? Percebi que um espírito imundo acabara de se manifestar através de minha vida e era culpado de um grande pecado. Depois disto me afastei da Igreja do Aeroporto (TACF). Não tinha convicção de que deveria denunciar aquelas experiências, mas senti que tínhamos fracassado em pastorear a bênção.

Depois que parei de freqüentar o TACF – Toronto Airport Church – tive que pastorear as conseqüências ou os frutos dali. Exemplo disto foi quando algumas pessoas voltaram de uma reunião e nos perguntaram se havíamos recebido a espada dourada do Senhor. Perguntei-lhes de que se tratava, imaginando que alguma palavra profética tivesse sido liberada em relação as escrituras, mas me responderam: “Não, não é a Bíblia; é uma espada invisível que somente os verdadeiramente puros poderão receber. Se for tomada de maneira errada, então será morto pelo Senhor. Mas, se você for santo o suficiente para recebê-la, então você poderá desembainhá-la pois ela cura Aids, câncer, etc. e produz salvação. A pessoa deve fazer gestos de ataque, imaginando ter em suas mãos esta espada invisível, avançando sobre as pessoas enquanto está em oração! Pensei: além do engano, a Igreja Aeroporto passou a fazer parte dos desenhos animados!

Esta “revelação” foi recebida pela Carol Arnott e depois repassada aos que eram mais santos. O mesmo aconteceu com as obturações de ouro. Pessoas de nossa congregação abriam a boca umas para as outras procurando os dentes de ouro que Deus colocara ali, para provar o quanto nos amava. Durante os anos que ali fiquei só ouvi uma vez uma mensagem de arrependimento pregada por um conferencista de Hong Kong, Jack Pullinger. A mensagem passou alto, bem acima de nossas cabeças, como um balão de gás; não estávamos ali para nos arrepender, e sim para fazer festa ao Senhor!

Depois de um ano na “bênção” preguei num encontro de pastores e falei: “Amigos, temos nos sacudido, nos arrastado pelo chão, rolamos por terra, rimos, choramos e adquirimos as camisetas da igreja. Mas não temos avivamento, nem salvação, nem frutos, nem aumento de evangelização, por isso, qual é a graça?”. Fui repreendido – afinal, quem era eu para anelar frutos quando o Senhor estava curando seu atribulado povo? Durante anos éramos legalistas, e Deus agora estava restaurando as feridas libertando-nos do legalismo. Aconselharam-me a não forçar o Senhor que os resultados apareceriam no temo certo.

Eu sabia que isto estava errado, pois o Senhor ordenou fazer discípulos de todas as nações. O argumento era: temos direito a um ano sabático, pois, quem sabe por quanto tempo Deus fará coisas novas e diferentes!

Por fim, não comentei a controvertida questão da ordenação de mulheres. Pessoalmente acredito, pelas escrituras, que as mulheres não devem ser pastoras ou presbíteras numa assembléia local. Eu poderia estar errado quanto a isto e existe muito debate na igreja a este respeito, e esta era minha convicção, mas as igrejas Vineyard estavam ordenando todas as esposas de pastores para serem co-pastoras com eles. Sou a favor de mulheres no ministério, mas creio que o papel do ancião/presbítero/pastor local foi reservado aos homens. Não fui eu quem escreveu a Bíblia, mas pela graça de Deus quero obedecer-lha daqui em diante.

Esta é minha história. Poderia continuar apresentando farta documentação dos excessos, loucuras, extravagâncias e pecados. Cantamos sobre o exército de Joel e o avivamento de bilhões como se fossem os dez mandamentos; e como sempre, parece que o avivamento já está chegando dobrando a esquina. No próximo mês, no próximo ano, etc. Jesus falou que, quando o Filho do homem voltar, encontrará fé na terra? Esta é a mensagem dominadora que tem sido ensinada em todo movimento profético, espiritual, especialmente do Vineyard. Às vezes imagino que eles pensam que vão dominar o mundo todo! Mas foi lá no Vineyard que aprendi uma frase de Paulo de que não devemos ir além da palavra escrita.

Concluindo, quero lamentar o dano, que eu pessoalmente perpetrei ensinando coisas que não são bíblicas. Eu me arrependo diante de vocês e diante de Deus. Eu não testei os espíritos quando a palavra ordena que assim seja feito. Todos os que estavam ali quando estas coisas começaram a acontecer sabem que o que escrevo é a verdade. Podem ter conclusões diferentes, especialmente se ainda promovem o “rio”.

Aos que estão no “rio” eu exorto; nadem para fora, existem coisas vivas na água que irão lhe atacar! Amo as pessoas da Igreja Aeroporto e o movimento Vineyard, mas penso que temos muitas contas a prestar; o Senhor lhes abrirá os olhos qualquer dia desses. Imagino que quando esta carta for publicada serei bombardeado por cartas de ambos os lados, alguns me condenando por ainda crer no ministério do Espírito Santo e andando no engano e alguns amigos antigos condenando-me por expor a sujeira ou por ser negativo com respeito a unção do Senhor. Bem, o Senhor conhece meu coração e por sua graça haverá de me guiar a toda verdade, pois quero conhecer a Jesus Cristo o crucificado.

Se você acha que estou no erro ore por mim para que o Senhor me abra os olhos, pois quero estudar a palavra e me tornar varão aprovado. Peço a todos os que lerem esta carta que orem para que o Senhor abra os olhos daqueles que estão sendo enganados. Quer sejamos líderes ou seguidores, somos amados de Deus e ele é um Deus perdoador. Ele afirma que se confessarmos nossos pecados ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça.

Creio que somos como a igreja de Laodicéia; pensamos que somos ricos, prósperos e sem necessidade alguma, e, no entanto não percebemos que estamos cegos e nus. Precisamos levar a sério o conselho de Jesus comprando ouro refinado no fogo (que fala do sofrimento e não de espíritos enganadores), vestiduras brancas para cobrir nossa nudez e colírio para os olhos para poder ver outra vez.

O Senhor nos chama ao arrependimento, e graças ao Senhor pelo que ele é, pois nos conduzirá e nos restaurará ao Pai. Se Deus me perdoou e abriu os meus olhos então poderá agir a favor de todos os que estão no engano.

Termino com o alerta de Paulo que permaneçamos firmes para não tropeçarmos em coisa alguma.



Sinceramente,



Paul Gowdy



Esta carta foi traduzida e publicada com a autorização de Paul Gowdy e pode ser lida na integra nos sites: www.revivalschool.com ou www.discernment-ministries.org/TheTorontoDeception.htm (site de Paul Gowdy). (Novo link: http://iftruthbeknown.wordpress.com/2010/10/16/the-toronto-deception/ )



Nota:

[1] Ele se refere a canções de Jardim da Infância, ou Nursery Rhyme, em que, nos contos de fada as crianças aprendem a falar cantando linguagens infantis, e refere-se especialmente a Mary had a little Lamb, uma das mais conhecidas
   

Tradução: João A. de Souza filho


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A Quaresma, viagem para a Páscoa



Quando um homem parte em viagem, deve saber para onde vai. Da mesma forma com a Quaresma. Antes de tudo, a Quaresma é uma viagem espiritual e seu destino é a Páscoa, a Festa das Festas. É a preparação à realização da Páscoa figurativa, a verdadeira Revelação. Devemos então começar por tentar compreender esta relação entre Quaresma e Páscoa, pois ela revela algo de muito essencial, crucial, no tocante a nossa fé e a nossa vida cristã.

E necessário explicar que a Páscoa é muito mais do que uma Festa entre as festas, muito mais do que uma comemoração anual de um acontecimento passado. Quem quer que tenha participado, ainda que uma única vez, desta noite mais luminosa de que o dia, quem quer que tenha provado esta alegria única sabe-o bem. Mas de onde vem esta alegria? E porque podemos cantar, como fazemos na liturgia pascal: Hosanas! Hosanas! Ressurge e triunfa quem sobre o infamante madeiro espirou . Em que sentido celebramos, como pretendemos celebrar, a morte da morte, a destruição do inferno, o início de uma vida nova e eterna? A todas estas perguntas, a resposta é a seguinte: A vida nova que, há quase 2.000 anos, jorrou do túmulo, foi dada a nós, a todos nós que cremos em Cristo. E ela nos foi dada no dia do nosso batismo onde, como diz Paulo, fomos sepultados com Cristo na morte; para que, como Cristo ressuscitou dos mortos, assim andemos nós também em novidade de vida (Rm 6,4)

Assim, celebramos na Páscoa a Ressurreição de Cristo como algo que aconteceu e que ainda nos acontece. Pois cada um de nós recebeu o dom desta vida nova e faculdade de acolhê-la e vivê-la. E um dom que muda radicalmente nossa atitude em relação a todas as coisas deste mundo, inclusive a morte, e que nos dá o poder de afirmar alegremente: A morte não existe mais! Certamente a morte ainda está ai, nós ainda a enfrentamos e um dia ela virá nos buscar. Porém aí reside toda nossa fé; por sua própria morte, Cristo mudou a natureza da morte, fez dela uma passagem, uma páscoa, uma pascha para o Reino de Deus, transformando a tragédia das tragédias em vitória suprema. Esmagando a morte pela morte, ele nos tornou participantes de sua ressurreição. É por isso que no fim das Matinas de Páscoa, dizemos: Cristo ressuscitou, e eis a vida que governa! Cristo ressuscitou, e nenhum morto permaneceu no túmulo.


Esta é a fé da Igreja, afirmada e formada evidente por seus inumeráveis mártires. E entretanto será que não provamos diariamente que esta fé é raramente a nossa, que sempre perdemos e traímos a vida nova que recebemos como dom e que, na verdade, vivemos como se Cristo não houvesse ressuscitado dos mortos, como se este acontecimento único não tivesse o menor significado para nós. Tudo isso por causa de nossa fraqueza, por causa da nossa impossibilidade de viver constantemente de fé, de esperança e caridade, no nível a que Cristo nos elevou quando disse: Buscai antes de tudo o Reino de Deus e sua justiça. Nós simplesmente esquecemos, de tanto que estamos ocupados, imersos em nossas ocupações cotidianas, e, porque esquecemos, sucumbimos. Fazemos tudo para esquecer a própria morte, e eis que de repente, no meio de nossa vida tão agradável, ela está lá diante de nós, horrível, inevitável, absurda. Até podemos, de vez em quando, reconhecer e confessar nossos diversos pecados, mas sem por isso relacionar nossa vida àquela vida nova que Cristo nos revela e nos deu.

Se tomamos cosciência disto, então podemos compreender o que a realidade da Páscoa recobre e porque ela necessita e pressupõe a Quaresma. Pois então podemos compreender que as tradições litúrgicas da Igreja, todos seus ciclos e ofícios, são feitos antes de tudo para nos ajudar a recobrar a visão e o gosto desta vida nova, que perdemos e traímos tão facilmente, e assim poderemos nos arrepender e voltar a esta vida. Como poderíamos amar e desejar algo que não conhecêssemos? Como colocar acima de tudo, em nossa vida, algo que não vimos e não provamos? Em suma, como poderíamos procurar um Reino de que não tivéssemos a menor idéia?

É a liturgia da Igreja que, desde o começo e ainda hoje, nos introduz, nos faz comungar a vida nova do Reino. É através de sua vida litúrgica que a Igreja nos revela algo daquilo que o ouvido não ouviu, o olho não viu e que não subiu ao coração do homem, mas que Deus preparou para aqueles que o amam. E no centro desta vida litúrgica, como seu coração e seu ápice, como o sol cujos raios penetram por toda a parte, encontra-se a Páscoa. E a porta aberta a cada ano ao esplendor do Reino de Cristo, a antecipação do Júbilo eterno que nos espera, a glória da vitória que — desde já — ainda que invisivelmente, preenche toda a oração: A morte não mais existe! Toda a liturgia da Igreja é ordenada ao redor da Páscoa, e, assim, o ano litúrgico, isto é, a sucessão de estacões e festas, torna-se uma viagem, uma peregrinação para a Páscoa, para o Fim que é ao mesmo tempo o Começo: fim do que é velho, começo da vida nova, uma passagem constante deste mundo para o Reino já revelado em Cristo.

O Evangelho espera e exige do homem um esforço de que ele é, em seu estado atual, virtualmente incapaz. Somos colocados perante um objetivo, um modo de vida que estão tão além de nossas possibilidades! Os próprios apóstolos, quando ouviram o ensinamento de seu Senhor, perguntaram-lhe, desesperados: Como isso é possível? Não é fácil, realmente, rejeitar um ideal mesquinho de vida, perto de preocupações cotidianas, de busca de bens materiais, de segurança e prazer, por um ideal de vida cujo objetivo exclui tudo o que está aquém da perfeição: Sê perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito.

Na Igreja primitiva, o principal objetivo da Quaresma era preparar ao batismo os catecúmenos, isto é, os Cristãos recém-convertidos, em um tempo em que o batismo era ministrado durante a liturgia pascal. Entretanto, mesmo quando a Igreja não batizava mais adultos e a instituição do catecumenato tinha desaparecido, o sentido da Quaresma permaneceu o mesmo. Pois, apesar de sermos batizados, o que perdemos e traímos constantemente é precisamente o que recebemos no batismo. É por isso que a Páscoa é nosso retorno anual a nosso próprio batismo, enquanto que a Quaresma é a preparação a este retorno, o esforço lento e resistente para, finalmente, realizar nossa própria passagem ou Páscoa na nova Vida em Cristo. Pois, a cada ano, a Quaresma e a Páscoa nos fazem redescobrir uma vez mais e recobrar aquilo que a passagem batismal através da morte e da ressurreição havia operado em nós.

Uma viagem. Uma peregrinação. E, ao empreendê-la, já desde o primeiro passo na radiosa tristeza da Quaresma, percebemos ao longe, bem longe, o destino a alegria da Páscoa, a entrada na glória do Reino.A noite pode ser longa e sombria; mas, ao longo do caminho, uma aurora misteriosa e luminosa desponta no horizonte. Não desaponte nossa espera, ó Amigo do Homem!


quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Esboços Bíblicos de Salmos C. H. Spurgeon




SALMO 9

TÍTULO
Para o mestre da música de Muth-labben, um salmo de Davi. O sentido deste título é muito duvidoso. Pode se referir à música com a qual o salmo deveria ser cantado, como pensam Wilcocks e outros; ou pode ser referência a um instrumento musical hoje desconhecido, mas comum naqueles dias; ou pode ainda fazer referência a Ben [Benaia], mencionado em 1Crônicas 15.18, como sendo um dos cantores levitas. Se uma dessas conjecturas estiver correta, o título de Muth-labben não nos traz ensinamentos, a não ser que queira nos mostrar como Davi se preocupava de que, no culto de Deus, tudo fosse feito com a devida ordem. De um grande número de testemunhas eruditas, concluímos que o título pode assumir um sentido muito mais instrutivo, sem ser forçado demais: significa um salmo com respeito à morte do Filho. O caldeu, "com respeito à morte do Campeão que saiu para os acampamentos", está se referindo a Golias de Gate, ou a algum outro filisteu, sobre cuja morte muitos supõem que este salmo tenha sido escrito anos mais tarde, por Davi. Acreditando que, dentre muitas suposições, esta pelo menos seja coerente com o sentido do salmo, nós a preferimos; e, principalmente, porque ela nos possibilita fazer referência de forma mística à vitória do Filho de Deus sobre o campeão do mal, e até sobre o inimigo de almas (versículo 6). Estamos diante de um hino triunfal; que ele possa fortalecer a fé do crente militante e estimular a coragem do santo tímido, ao ver ele aqui O VENCEDOR, em cuja vestidura e coxa está escrito o nome Rei dos reis e Senhor dos senhores.

ORDEM
Bonar comenta: "A posição dos salmos em sua ordem é muitas vezes admirável. Questiona-se se o arranjo atual deles foi a ordem em que foram dados a Israel, ou se algum compilador posterior, talvez Esdras, tenha sido inspirado a dedicar-se a esse assunto, bem como a outros pontos ligados ao cânon. Sem tentar decidir esse ponto, basta observarmos que temos prova de que a ordem dos salmos é tão antiga quanto a conclusão do cânon, e, se assim for, parece óbvio que o Espírito Santo desejou que este livro chegasse até nós nessa ordem. Fazemos estas observações a fim de despertar a atenção para o fato de que, assim como o oitavo salmo deu continuidade à última frase do sétimo, este nono salmo começa com uma referência aparente ao oitavo:

"Senhor, quero dar-te graças de todo o coração
e falar de todas as tuas maravilhas.
Em ti quero alegrar-me e exultar,
e cantar louvores ao TEU NOME, ó Altíssimo" (versículos 1, 2).

Como se "o nome", tão louvado no salmo anterior, ainda estivesse soando no ouvido do doce cantor de Israel. E, no versículo 10, volta-se a ele, celebrando a confiança de quem "conhece" esse "nome" como se sua fragrância ainda perfumasse a atmosfera.

DIVISÃO
A melodia muda com tanta freqüência que é difícil fazer um esboço metódico dela: fizemos o melhor que pudemos. Do versículo 1 ao 6, trata-se de um canto jubiloso de ação de graças; do 7 ao 12, há uma declaração de fé contínua quanto ao futuro. A oração encerra a primeira grande divisão do salmo nos versículos 13 e 14. A segunda parte dessa ode triunfal, embora mais curta, é paralela à primeira em suas partes, e é uma espécie de repetição dela. Observe o cântico pelos juízos do passado, versículos 15, 16; a declaração de confiança na justiça futura, 17, 18; e a oração de desfecho, 19, 20. Celebremos as vitórias do Redentor ao lermos este salmo, e só pode ser uma tarefa deleitosa se o Espírito Santo estiver conosco.

DICAS PARA O PREGADOR
I. O único objeto de nosso louvor - "Senhor, quero dar-te graças".
II. Os temas abundantes de louvor - "todas as tuas maravilhas".
III. A natureza apropriada do louvor - "de todo o coração" (B. Davies).

VERS. 1. "Eu quero falar." Infinda ocupação e apreciação.
VERS. 1. "Todas as tuas maravilhas". Criação, providência, redenção, todas são maravilhosas por exibirem os atributos de Deus de forma a despertar a admiração de todo o universo de Deus. Um tópico bastante sugestivo.

VERS. 2. O canto sagrado: sua ligação com a alegria santa.

VERS. 4.
1. Os direitos dos justos por certo serão atacados.
2. Mas é igualmente certo que serão defendidos.

VERS. 6.
1. O grande inimigo.
2. A destruição que ele já causou.
3. Os meios de sua derrota.
4. O resto que se seguirá.

VERS. 7 (primeira cláusula). A eternidade de Deus - o consolo dos santos, o terror dos pecadores.

VERS. 8. A justiça do governo moral de Deus, especialmente em relação ao grande dia final.

VERS. 9. Pessoas necessitadas, tempos necessitados, provisões oni-suficientes.

VERS. 10.
1. Conhecimento imprescindível - "conhecer o teu nome".
2. Resultado bendito - "confiarão em ti".
3. Suficiente razão - "pois tu, Senhor, jamais abandonas os que te buscam" (T.W. Medhurst).
Conhecimento, fé, experiência, os três ligados entre si.
VERS. 10. Os nomes de Deus inspiram confiança. JEOVÁ Jireh, Tsidekenu, Rophi, Shammah, Nissi, ELOHIM, SHADDAI, ADONAI.

VERS. 11.
1. Sião, o que é?
2. Seu glorioso habitante, o que faz?
3. A ocupação dupla de seus filhos - "cantar louvores", "proclamar entre as nações seus feitos".
4. Argumentos da primeira parte do assunto para nos encorajar no dever duplo.

VERS. 12.
1. Deus numa situação terrível.
2. Lembra-se de seu povo; para poupar, honrar, abençoar e vingá-lo.
3. Atende ao seu clamor, na sua própria salvação e na derrota de seus inimigos. Um sermão consolador para tempos de guerra ou de peste.

VERS. 13. "Misericórdia, Senhor". A oração do publicano explicada, recomendada, apresentada e cumprida.
VERS. 13. "Salva-me das portas da morte." Aflições profundas. Grandes livramentos. Gloriosas exaltações.

VERS. 14. "Eu exultarei em tua salvação". Especialmente porque é tua, ó Deus, e, portanto, honra a ti. Na tua liberalidade, plenitude, adequação, certeza, eternidade. Quem pode se alegrar nisso? Motivos porque devem sempre fazer isso.

VERS. 15. Lex talionis. (Lei de Talião) ["retaliação" quando se comenta "bem-feito!"]). Exemplos memoráveis.

VERS. 16. Conhecimento terrível; uma alternativa tremenda quando comparada ao versículo 10.

VERS. 17. Um aviso para os que se esquecem de Deus.

VERS. 18. Demoras no livramento.
1. A estimativa da descrença - "esquecidos", "perecer".
2. A promessa de Deus - "nem sempre".
3. A obrigação da fé - esperar.

VERS. 19. "Não permitas que o mortal triunfe!" Uma petição poderosa. Casos onde foi usado na Bíblia. O motivo de seu poder. Horas para seu uso.

VERS. 20. Uma lição necessária, e como é ensinada.